O principal torturador do Khmer Vermelho, Kaing Guek Eav, conhecido como "Duch", compareceu nesta terça-feira (17) a um tribunal cambojano patrocinado pela ONU para o primeiro e aguardado julgamento pelas atrocidades cometidas há mais de 30 anos pelo regime comunista cambojano.
"Duch", de 66 anos, compareceu a uma audiência preliminar sob a acusação de ter comandado o principal centro de detenção e tortura do Khmer Vermelho em Phnom Penh.
"Esta primeira audiência representa a materialização dos importantes esforços para criar um tribunal honesto e independente, encarregado de julgar os que ocuparam funções de direção no aparelho dos khmeres vermelhos", declarou o juiz Nit Nonn, que presidiu a audiência.
Quase dois milhões de pessoas, 25% da população, morreram sob o regime de Pol Pot, que impôs o terror entre 1975 e 1979, obrigando as pessoas a abandonar as cidades e se mudar para o campo, massacrando a população com trabalhos forçados e eliminando sistematicamente todos os "traidores da revolução".
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"Duch" dirigiu o campo S-21, conhecido também com o nome de Tuol Sleng, um centro de interrogatórios que funcionava num antigo colégio secundário de Phnom Penh, onde mais de 12.000 pessoas foram torturadas e assassinadas em função da repressão em massa organizada pela equipe no poder de Pol Pot.
O acusado, um antigo professor de matemática convertido ao cristianismo nos anos 90, será julgado por crimes de guerra e crimes contra a humanidade.
"Este é um dia muito importante para mim", declarou à agência de notícias France Presse Chum Mey, um dos raros sobreviventes de Tuol Sleng. "Serei testemunha. Quero ver o 'Duch' e preguntar por que me prendeu", acrescentou.
Detido em 1999 pelas autoridades cambojanas, o "Duch" foi levado em 2007 a um tribunal especial em Phnom Penh patrocinado pela ONU. Ao término do julgamento, poderá ser condenado à prisão perpétua. O tribunal descartou a pena de morte.
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