3.8.09
Réu do Khmer Vermelho diz que matava crianças para que não vingassem os pais
O ex-dirigente carcerário do regime cambojano do Khmer Vermelho disse nesta segunda-feira (8) a um tribunal do Camboja que filhos de detentos da prisão S-21 foram assassinados para que não buscassem vingar seus pais anos depois.
Kaing Guek Eav, o Duch, primeiro de cinco dirigentes a serem julgados pelas atrocidades do regime (1975-79) que matou 1,7 milhão de cambojanos, disse aceitar a responsabilidade pela morte das crianças, mas alegou estar apenas cumprindo ordens.
"Quando as crianças chegavam ao centro, eu dava as ordens para matá-las, porque temíamos que essas crianças fossem se vingar", disse Duch, de 66 anos, ao tribunal.
"Eu tive de implementar a política do Partido Comunista", disse o ex-dirigente da prisão, uma antiga escola na periferia da capital, onde mais de 14 mil pessoas morreram, inclusive mulheres e crianças.
Poucas pessoas sobreviveram àquela prisão. A maioria das vítimas foi torturada antes de ser retirada da capital, Phnom Penh, e levada para os campos de extermínio de Cheoung Ek.
Durante a audiência de segunda-feira, o promotor cambojano perguntou a Duch quem ordenava que os guardas matassem bebês batendo-os contra árvores. "Eu não ordenei tal crime, mas acredito que meus camaradas o fizeram", respondeu o réu.
Duch pode ser condenado à prisão perpétua pelo tribunal conjunto ONU-Camboja que julga os crimes do Khmer Vermelho. Ele é acusado de crimes de guerra, crimes contra a humanidade, tortura e homicídio.
É provável também que ele seja uma testemunha-chave nos futuros julgamentos de outros dirigentes considerados "mais responsáveis" pelas atrocidades daquela que foi uma das ditaduras mais brutais do século 20.
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