18.2.14

Grafite em Búzios - Geribá

Canto esquerdo de Geribá 

Pista de Skate em Geribá 

Cervidão do Canto Direito de Geribá 

Servidão no Canto Direito de Geribá 

Servidão no Canto Direito de Geribá 

Servidão no Canto Direito de Geribá 

17.2.14

Não vou esperar cair dom céu.

 (Algo novo feito a partir dos passos)

CAIS DE MANGUINHOS EM  BÚZIOS/FOTO VICTOR VIANA 
Não vou esperar cair do céu.
Não vou esperar nada. Nem a volta de Cristo, nem a volta dos Beatles, não vou esperar nada.
Não espero que nada caia do céu, não cairá.  Nem um tostão de sol mendigarei de você.
Minhas pernas foram feitas para andar. E andarei pelos sete cantos do mundo, eu andarei.
Não vou esperar cair do céu
Nem chuva, nem dólares ou maná.
Preciso trabalhar, suar.
E não me adequar
a linhagem dos putos
que comandam esse mundo.

Victor Viana  @VianaVictor 

16.2.14

Stencil é foda!

A prática do Stencil Em Buenos Aires e no Rio/Búzios 




Arte em muro de Buenos Aires 
Em uma viagem de trabalho para cobrir a FIT, Feira Internacional de Turismo na Argentina vinha, como é meu costume, observando os muros e tudo que via escrito ou colado neles. Entre frase pichadas contra Kristina e ao mesmo tempo cartazes oficiais  de apoio a ela, por todo o canto vi a prática do Stencil nos muros de Bueno Aires, assim como também do grafite,  Bansky e Pasting.

Arte feita em muro da  Rasa, em Búzios 

Mas possivelmente o Stencil é a  técnica mais popular na capital argentina. Uma técnica simples, basta ter uma cartolina ou uma radiografia velha, uma tesoura ou estilete, tinta em aerosol e pronto. Tem o mesmo objetivo que a técnica de serigrafia – também conhecida como SILK-SCREEN- posiciona a “tela” recortada sobre o muro e picha por cima do recorte, ao retirar sua mensagem estará no muro.  O stencil não é  desconhecido das capitais brasileiras, como o Rio de Janeiro, onde o grafite é muito mais popular, mas diferente daqui e de outros lugares do mundo em Buenos Aires os artistas que praticam o stencil  estão sendo recebidos de braços abertos caso queiram gravar sua arte nas paredes e muros da cidade. 

"No Brasil como em outras cidades do mundo a pratica é combatida como vandalismo". 

Por parte dos grafiteiros e artistas urbanos em geral buscam praticar sua arte em paredes e muros que não causem danos a terceiros. Buscam casas e prédios abandonados, em demolição, muretas públicas. Muitas ações públicas para incentivar jovens talentos da arte urbana, como são conhecidas na Argentina, estão acontecendo pela cidade e artistas convencionais estão se rendendo as intervenções feitas por esses jovens e os convidando em muitos casos a expor de alguma forma seus trabalhos, antes expostos de forma gratuita nas ruas, agora nas galerias e centros culturais de Bueno Aires.








11.2.14

"O essencial é estar vazio" - Morre Eduardo Coutinho



Principal nome do documentário nacional, Eduardo Coutinho foi assassinado a facadas pelo próprio filho aos 80 anos na última segunda-feira (2), no Rio de Janeiro. Daniel Coutinho, filho do cineasta, sofria de esquizofrenia e esfaqueou o pai e mãe após uma discussão e então, segundo a polícia, tentou se matar.
Diretor de clássicos como Cabra Marcado Para Morrer Edifício Master, Coutinho tinha sérios problemas de saúde nos últimos tempos por causa do cigarro, um vício que não conseguia abandonar. Ele, no entanto, pretendia continuar dirigindo mesmo assim. “Estou preparado para filmar com cadeira de rodas. O Michelangelo Antonioni filmou e o Bernardo Bertolucci faz até hoje. Se precisar filmo até cego, com uma pessoa ao meu lado falando o que está acontecendo. Só acho mais complicado filmar surdo”, confessou em entrevista recente ao site  "AdoroCinema" à época do lançamento de As Canções, um dos seus últimos trabalhos.
O enterro do cineasta aconteceu na segunda-feira (3) na Capela do Cemitério São João Batista, em Botafogo, com a presença de amigos e familiares.


Um amigo e colega de trabalho de Búzios


Por Victor Viana

 

 O Jornalista Raul Sivestre, morador de Búzios, trabalhou por oito anos ao lado de Coutinho no Globo Repórter durante a década de 70, "ele entrou no Globo Repórter um ano antes de mim e ficava muito solto, tinha muita liberdade lá. Coutinho era de cinema, mas sabia encostar-se às pessoas certas, então ficou muito próximo do pessoal da TV e pegou rápido o traquejo. Entre tantas coisas que fizemos juntos posso citar o 'Menino de Brodósqui' sobre o Portinari", relatou.

Raul contou que no plano pessoal Coutinho era reservado, “hoje entendemos que poderia ser em função da doença do filho. No Globo Repórter éramos entre 20 a 30 pessoas e todo mundo conhecia os filhos e as mulheres um dos outros. O Coutinho ninguém via a família, e ele morava há cinco quarteirões da redação", contou, mas ponderou que no ambiente de trabalho era diferente: "Ele tinha um ritual que era chegar de manhã (estava nesse horário sempre mal humorado) e ia para sua mesa que ficava no canto da redação e lia o JB e fumava uns 28 cigarros, sendo que destes de verdade fumava apenas cinco, o restante ele deixava queimando no cinzeiro. Mas no restante do dia ele se transformava: era brincalhão e um amigo bem próximo de todos". 

 

Sobre o tão conhecido vicio do cigarro, Raul conta que Coutinho era o único que fumava nas ilhas de edição do Globo repórter, "fumar era explicitamente proibido naquele ambiente, mas ele fumava e quando alguém tentava dizer a ele que prejudicava a saúde respondia: 'vou morrer como todos vocês também irão', lembra.

 

Coutinho era de São Paulo, mas estava, por força dos muitos anos morando no Rio, adaptado a vida carioca. Mas algo do caráter paulista permanecia nele. Segundo colegas de trabalho ele era metódico e muito sério no momento do trabalho, “chegava a ser chato".

 

Algo inerente ao oficio 

Algo do qual se falou em quase todas as entrevistas com amigos e admiradores de Coutinho foi sobre uma suposta qualidade em criar uma espécie de intimidade com o entrevistado o que levou o amigo Raul Silvestre a comentar: "Se está falando muito sobre isso de que ele sabia criar uma intimidade com o entrevistado, mas isso é dito por quem não entende do métier. É inerente ao ato de entrevistar, em especial para TV e cinema, que se crie uma intimidade entre o entrevistador e o entrevistado. Disso depende a qualidade da entrevista. A grande qualidade do Coutinho era a compreensão bem clara que tinha sobre o que chamamos de 'ideologia da imagem'. Cada Plano tem uma ideologia. Em uma entrevista com Ariano Suassuna usa câmera fixa, assim como usaria em uma filmagem oficial da presidente ou mesmo de uma paisagem. Mas em documentários como o Edifício Máster e outros a câmera está em movimento na mão do cinegrafista porque o valor intrínseco da imagem é mais importante que algum padrão holiudiano. Isso passa a credibilidade da matéria. Além é claro do ineditismo de muito de seus trabalhos: foi quem pela primeira vez no Brasil fez um documentário sem texto, só com depoimentos".


Outras duas características marcaram a trajetória de Coutinho; o seu descomprometimento político, mesmo tendo trabalhado na Globo no período do regime militar. E a sua marca de sempre procurar de alguma aparecer nos filmes e reportagens, o que não é comum em jornalismo e filmes documentais. “Intelectualmente era vaidoso", finalizou Raul.

 Um cabra marcado para ficar na história

Entre os admiradores de Coutinho está o ator Mario José Paz, também proprietário do Gran Cine Bardot, "acho que sem dúvida, repetindo o que está sendo dito por todos, e com razão, perdemos um dos maiores documentaristas do Brasil e do mundo. Coutinho tinha uma visão particular do seu trabalho. Em minha opinião a sua maior característica era o dom de deixar o entrevistado a vontade, criava uma intimidade entre ele e o entrevistado. Criava-se mesmo uma harmonia dificilmente vista", afirmou por telefone. Mario José ainda contou um fato que o marcou da última vez que esteve pessoalmente com Coutinho: “Encontramos com ele em um bar no Jardim Botânico, estávamos eu e a Vilma, minha esposa, e perguntamos a ele quando nos veríamos de novo e ele respondeu: 'terá de ser esse ano, porquê acho que é o meu último vivo'. Ficamos espantados com aquela resposta, mas ele realmente era um fumante inveterado e além disso tinha com certeza uma espécie de clarividência, visto a genialidade de sua obra".
O cineasta Milton Alencar, que mora em Cabo Frio, também lamentou a morte de Coutinho e assumiu ser influenciado por seu trabalho, "Ele foi o precursor de uma categoria cinematográfica, no documentário principalmente, diferente dos outros cineastas do Brasil de hoje. Sem dúvida foi o mais importante dos documentaristas do Brasil nas últimas décadas, era fantástico. Ele estava um cineasta muito requisitado nos últimos tempos. Sempre que eu ia aos festivais e o via estava sempre tendo contato com as pessoas, respondendo perguntas e explicando seu trabalho com muita atenção. Ele inaugurou uma escola de documentaristas, ele vai deixar uma herança. Muitas das minhas coisas são feitas a luz do Eduardo Coutinho. Uma pena que tenha terminado sua vida desta maneira".

Coutinho por ele mesmo

Eduardo Coutinho foi o principal homenageado da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo em 2013. Em uma das muitas entrevistas (a reproduzida aqui durante a Flip) que deu falou sobre a arte de fazer perguntas, algo fundamental há um jornalista e documentarista, e também sobre a vida e a morte:

Da arte de fazer perguntas

O essencial é estar vazio diante do outros, vazio do ponto de vista ideológico, Se colocar entre parênteses, estar vazio mesmo, evitar fazer juízo. Vazio para que possa receber do outro o que ele tem a dar e a dizer, sem que ele seja julgado. Para que ele, o entrevistado, seja legitimado e justificado. Ele não deve saber nunca o que espero dele. Não quero você de esquerda ou direita, bom ou mal. Quero você. Entrevistei uma mulher onde perguntei a ela sobre  a pobreza no Brasil e ela fez um discurso extraordinário contra os pobres. Eu tentei argumentar com ela, como não teve jeito deixei ela falar e ela fez um discurso veemente contra os pobres, que eu não concordo, mas expos o que pensava e ofereceu um vasto conteúdo ao filme. Outro foi no sertão, onde invés de eu perguntar a pessoa me perguntou se eu acreditava em Deus e em vida após a morte. Então eu não disse que não, porque se não a conversa acabaria ali. Então eu fui levando e dizendo que não sabia. Fui dizendo que  gostaria de acreditar... e assim deixei que ele passasse a falar. Isso é importante  (Mesmo que não acredite é preciso não dizer para não estancar a conversa).  É uma questão de como se fala mais do que o que se fala.  Quisera eu acreditar em um deus, em outra vida... eu gostaria de acreditar”.

A linguagem ontem e hoje

 "Estou interessado no momento por isso, como as pessoas usam as palavras, lugares comuns e as expressões. "Minha vida é boa", "Minha família é boa", “Quero estudar”. Por quê? Quero perguntar para as pessoas, por que trabalhar? Para que levantar de manhã? Essas são questões que me interessam e isso uma criança de quatro anos faz. Minha vontade era fazer um filme que uma criança de quatro anos faria. E a morte? Ninguém se pergunta... o que é viver? Questões básicas da vida que ninguém pergunta. Pra que serve dinheiro? Trabalhar pra que? Pra ganhar dinheiro? E para que serve o dinheiro? É certo algumas pessoas terem mais e outras menos dinheiro? As perguntas mais básicas sempre são as mais interessantes".

A origem e autoria das conversas

"Nas filmagens a conversa é essencial. A palavra do outro passa a ser sua e a sua do outro. Há uma coprodução da fala".

O que faz um bom filme e a inexistência da verdade

"Não adianta nada ter um tema maravilhoso e ser um filme ruim. Bom é o filme que faz perguntas, o filme que dá respostas pode jogar no lixo que ninguém suporta. Nem o mais sábio da academia, nem o militante mia fervoroso sabe a verdade de nada".

Sobre a vida e a morte

"A vida é assim, você nasce e morre, é isso. O que se faz entre nascer e morrer? Você vive! Eu não acho que a vida foi bem vivida. Não tenho nostalgia nenhuma e acabou! O que é bem vivida? O médico me perguntou isso uma vez e eu pensei que estava com câncer, mas não era. Nunca eu poderia dizer isso: 'Ah tive uma vida bem vivida'. Esse médico era um filho da puta. Eu pelado e ele me perguntou se eu tive uma vida bem vivida? Eu poderia ter dito a ele que perguntasse a mãe dele. Mas eu não disse, nunca disse as coisas na hora".

Matéria publicada originalmente em O Perú Molhado www.operumolhado.com.br 

7.2.14

Funkeiros de Búzios querem mostrar sua arte


Por Victor Viana

O Funk mobiliza milhares de pessoas na cidade do Rio, mas vai bem além das fronteiras cariocas (Tornou-se celebre no ano passado a artista americana Byonce dançando ao som de Lek lek lek). De Aperibé a São Gonçalo, a cultura funkeira gera frutos por todo o interior do estado.  A Secretaria de Estado de Cultura (SEC) começou a partir do dia 15 de dezembro do ano passado, caravanas para divulgar o *edital de Bailes e Criação Artística no Funk, que recebeu inscrições até o dia 31 de janeiro. O aporte financeiro total é de R$ 650 mil. O edital fornece apoio financeiro de até R$ 20 mil a projetos de produção de bailes funk, e de até R$ 15 mil a projetos de produção musical, circulação artística, audiovisual, memória ou comunicação.

Luzinho Viana 
Equipes da SEC foram a São Gonçalo, Niterói, Belford Roxo, São João de Meriti, Nova Iguaçu, Duque de Caxias, Angra dos Reis, Bom Jesus do Itabapoana, Campos dos Goytacazes, Macaé, Cabo Frio, Petrópolis, Três Rios, Barra do Piraí, Volta Redonda e Barra Mansa. O objetivo era  divulgar o edital.  A Secretaria de Cabo Frio realizou a reunião aos interessados de nossa região. A Secretaria de Cultura de Búzios não participou, segundo o secretário Alexandre Raulino, por ter sido uma ação exclusiva e pontual da Secretaria de Cultura do Estado  com Cabo Frio, "Búzios não foi nem mesmo informado sobre a realização da reunião do edital em Cabo Frio. Foi uma coisa feita entre o estado direto com a prefeitura de lá. Mas é aberto para toda a região e há como os interessados aqui de Búzios se inscreverem pelo site também. Mas é importante que fique claro que só não divulgamos por não termos mesmo a informação. Apoiamos toda e qualquer manifestação cultural, e isso inclui o Funk", disse por telefone.
A reunião foi realizada na sede da Secretaria Municipal de Cultura - Cabo Frio com os representantes da Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro (Superintendência de Cultura e Sociedade) e (Gerente de Culturas Urbanas) mais artistas locais sobre o Edital .

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O produtor de eventos, Luizinho Viana,  nascido em Búzios e morador do Capão, lamenta que não tenha havido divulgação do edital  pela Secretaria de Cultura do município, " trabalho com evento e sei que o Funk em Búzios é do gosto da grande maioria do público. Claro que se houver incentivo do Poder Público aos poucos os talentos sairiam do anonimato. E novos talentos surgiriam constantemente. Se eu tivesse tido essa informação teria participado como produtor", opinou o jovem buziano responsável por divulgar MCs de nossa região que estão ganhando o Brasil. Entre eles o Mc  Falzin , Caju , Gávea e Lc, todos de Cabo Frio, "  Aqui em Búzios todos que tinham sumiram por falta de oportunidades", lamenta.

O professor Fábio Batista (Fábio Emecê), que também é conhecido por seu trabalho como rapper e hoje é superintendente de Igualdade Racial em Cabo Frio, explica: "Existe uma demanda regional de produtores, artistas e fomentadores que podem ser beneficiados com o edital, sem discussões sobre valoração de cultura a ou b, se é um benefício, os atores tem que usufruir. porque é uma produção consolidada nas periferias cariocas. Já interfere direto na maneira de ser e agir das pessoas então precisa ser fomentada. O preconceito sempre rola com relação a 'produtos via agentes periféricos'. Mas tem um porém, quem disse que o preconceito impede a produção? Nunca impediu e não vai ser agora. O edital é uma oportunidade".

Houve um edital como esse em 2011 em que se editou  o livro 101 Funks Que Você Tem Que Ouvir Antes de Morrer, do jornalista Julio Ludemir e o documentário do cineasta Marcelo Gularte "Magalhães, Uma Lenda Viva do Funk".

* Em 2009   por decreto tal assinado pelo governador Sergio Cabral o Funk passa a ser oficialmente patrimônio cultural do Rio de Janeiro.


Matéria publicada originalmente em O Perú Molhado