Estamos iniciando a partir desta edição uma série de matérias sobre o avanço imobiliário e a ocupação dos topos de morro em Armação dos Búzios. Esta complexa cidade do interior de população cosmopolita, que quando era somente uma vila de pescadores encantou a atriz francesa Brigitte Bardot, é cercada de morros de baixa elevação, onde afloram uma riquíssima e rara vegetação, se comparada a outras áreas de restinga da costa sudeste, contendo espécies endêmicas e uma das poucas populações de Pau Brasil da região. Aqui as elites, sejam cariocas, de outros estados ou países, foram ocupando as margens das praias e cobrindo a visão de quem passa. Da década de noventa para cá se tem observado a rápida ocupação dos morros da cidade, que de forma arbitrária tem escondido das pessoas, em alguns locais de forma irreversível, a visão da beleza. Em Búzios não se deu como na cidade do Rio, onde os morros foram ocupados pela população mais pobre, foram às mesmas elites que subiram estes morros, e cada dia o que se vê é a formação de “favelas” de luxo. Búzios tem em seu plano diretor, leis muito fortes sobre a proteção do solo, mas este plano diretor tem sido violentado por uma câmara de vereadores despreparada e desinteressada em criar um turismo alto sustentável onde sejam mantidas as características naturais que fizeram de Búzios o lar e o destino de pessoas vindas de todo o mundo. O objetivo aqui é informar para formar a cada edição uma opinião publica sobre uma ação indiscriminada que como um câncer esta corroendo todo um município com a população fixa de apenas 25.0011 habitantes e que tem sua economia apenas no turismo e na pesca. Faremos isso focalizando nossa atenção em alguns dos pontos mais críticos em Armação dos Búzios, como Ferradura, João Fernandes, Tartaruga, Tucuns, Geribá e a Serra das Emerências, que em um município de apenas 69.287Km2 representa quase toda sua área. Quando se fala de inclusão social, nunca se pode esquecer que um dos direitos inalienáveis de todo ser humano é o direito à beleza. E seja no Rio ou em Búzios, o cidadão, seja elite, seja popular, tem o direito de andar pela cidade e ver a beleza que há no alto dos morros, ou subir esses morros e ver beleza cheia de horizonte do mar. Além da descaracterização visual e orgânica de uma paisagem única, a ocupação das encostas tem causado desde 2004, deslizamento de terras e afundamento do solo. Houve erros e equívocos na forma como se permitiu ocupar a cidade, e é isto que vamos ver nas próximas edições, confira.
Victor Viana:
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