30.5.09
Kim Kehl em entrevista exclusiva ao curinga de Búzios
Olá Naldo e Victor, e à toda galera que produz e lê o conteúdo do Curinga. esse site de opinião ás vezes bizarro, porém sempre consciente e bem humorado!
Bem, se eu estivesse naquele programa roda viva, estaria tonto de tanto girar na cadeira para responder essa verdadeira fuzilaria de perguntas, então tentarei responder numa tacada só!
Ola Kim! Bem todo começo de carreira é complicado, não sei se com você foi assim mais a maioria dos músicos reclama de uma dificuldade absurda no inicio, de provações, e duvidas, entre tentar viver da arte, e viver de realidade, que para muitos artistas é a morte.gostaria que você nos falasse um pouco deste momento seu. ( Naldo Marquez)
Considero-me um cara de sorte (ou não!, RS) de ter crescido numa década, a de 60, com tanta riqueza de música, aqui e no exterior. Os da minha geração (sou de 58) se criaram na beatlemania, na jovem guarda, no pós bossa nova imediato, os festivais (os daqui e os de lá!), e tudo isso me influenciou demais a decisão de optar por uma carreira artística.
Kim você já tem 30 anos de estrada o que te motiva a fazer seus som assim por tanto tempo? O gás nunca acaba? ( Victor Viana)
Eu particularmente, poderia ter optado pelas artes plásticas, pois sempre tive o habito do desenho e cheguei á pintar um pouco, mas o apelo da música falou mais alto, para certo desespero da família, rs. Entretanto, tive bastante incentivo em casa, estudei musica formalmente com vários mestres e freqüentei o excelente CLAM, do Zimbo Trio e alguns anos de composição e regência na Fundação Álvares Penteado, o q 'quase' me qualifica como professor de Educação Artística... Isso aconteceu paralelamente à militância propriamente dita em muitas bandas de rock no início dos 70, e à intensa agenda como professor de guitarra para outros iniciantes com menos oportunidades como as que tive. E dei aula para muita gente boa, o que garantiu o aluguel nas primeiras saídas de casa!
Você em algum momento pensou em largar tudo e chutar o balde. ( Naldo Marquez)
Acho que tive bastante 'sorte de iniciante', e toquei com bandas que eram grandes no momento, como o Made in Brazil, e formei o 'Lírio de Vidro', uma banda de garagem que ainda hoje me surpreende pela reputação Cult que adquiriu.
No início, a gente vai de cabeça, com uma explosão de energia, e tudo parece dar certo, você tem a novidade do seu lado, e desfruta do fato de ser 'carne fresca'!
Mas para nos mesmos, nem sempre o resultado prático é compensador, e eu acho que tive sorte de simplesmente 'sobreviver' à essa época, pois aí é que começam as dificuldades de uma 'carreira profissional'.
À partir daí, as decisões têm que ser mais frias, mais voltadas para a sobrevivência, vêm as criticas e as acusações, a gente já não é 'carne tão fresca', estamos vendidos tocando por grana e tal... Mas isso é conversa de quem ficou de fora, o amor e a vontade de tocar te levam adiante, e ai começa uma fase de outras descobertas sobre a profissão, e as lições ás vezes, são duras.
Agora, essa 'fase adulta' da carreira traz questionamentos e as vezes a gente se sente estagnado e fazendo trabalhos sem expressão, tocando sem tesão, com pessoas chatas e autoritárias, ou drogadas demais, ou que se acham o topo da criação, e ai a vontade é mesmo de chutar o balde!
O que me levou á idéia de ter uma banda própria, para tocar cantar e compor, para ser minha própria Cuba e meu próprio Guantánamo, foi para resgatar esse tesão!
Você tocou em muitas bandas e com muita gente da cena popular quais foram e o que ficou deles no teu som ou vida?( Victor Viana)
Formei Os Kurandeiros, no início dos anos 90, com a intenção de levar adiante a idéia da 'banda de rock nacional com repertorio em português' da minha inspiração inicial, como os Mutantes ou o Made, que eu cresci amando, para abrasileirar o rock'n'roll numa antropofagia bem brasileira
A banda gravita à minha volta(sou o astro-rei..! rsrs), com todos os músicos como meus convidados de honra, não temos uma formação fixa muito estável, pois são muitas as dificuldades para mante-la... são músicos que conheço e com quem toquei ao longo do tempo e que convido pela afinidade com a proposta e pelas qualidades 'kurandeiristicas' à saber: talento, criatividade, capacidade de improviso, simpatia, boa vontade, afabilidade, alças e/ou rodinhas rs!
Conte-nos uma historia de sua banda, uma loucura que você não faria ou sente saudade por ter feito. ( Naldo Marquez)
Enfim, fica até difícil destacar um só episódio divertido ou engraçado do meu cotidiano, pois no geral nos divertimos muito com tudo isso no dia à dia!
Nesses trinta anos você certamente viu nascer e morrer uma gama de bandas e movimentos o que você acha que realmente vingou nessas três décadas no Rock como na musica brasileira em geral?( Victor Viana)
Nossa agenda tem se intensificado desde que fui 'promovido' à carreira solo de facto, à partir de 2005, e nosso repertorio esta bem elástico, incluindo além do autoral, um vasto set de covers, que convencionamos chamar de 'Blues, Baladas & Rock'n'Roll'. Ou seja, estamos habilitados para um SESC ou para tocar 'na noite' com a mesma formação!
Nunca tive a pretensão e ter uma carreira internacional, até conheço músicos qualificados para isso, principalmente na musica instrumental mais voltada ao jazz.
Por outro lado, o conhecimento que acumulei do Brasil me da a certeza de que a proposta do rock em português é difícil, mas não impossível!
Sou daquela fase em que as bandas de rock se apropriavam de todos os estilos, enxergo a composição com liberdade, não quero q tenhamos apenas um tipo de som.17
Para mim o Blues é o ponto de partidam mas como não sou do Mississipi, não posso ser purista, então meto a mão também no Country e Sertanejo, no Rock'n'Roll, enfio uma batucada aqui e ali uma batida Disco, deixo a Eletrônica rolar, um trecho de Rap...enfim, como um musico urbano e sem raízes, posso mexer com tudo, e espero ainda misturar e me abrasileirar mais ainda no futuro!1
Sobre sexo Kim, você já se envolveu com alguma fã. ( Naldo Marquez)
devo confessar o envolvimento com fãs, pois minha namorada, DNA Lara, se confessa minha fã e me conquistou apos uma boa perseguição Brasil afora..rs
Diga para um musico que esta indo para estrada agora o que ele pode esperar do sucesso, ele deve esperar milhões, mulheres, dinheiro, me fale como deve ser o foco de um artista em inicio de carreira. ( Naldo Marquez)
Bem amigos, espero ter saciado um pouco a curiosidade sobre a banda e a minha trajetória em particular, e quero dizer ainda que espero sim, ganhar milhões e fazer excursões insanas, andar de limusine cheia de grou pies com as tetinhas de fora e consumir todas as drogas que ainda sobraram, mesmo que sejam cigarrinhos de chocolate e tabletes de anti-acido! Abraço à todos!
Nos do curinga de Búzios ficamos honrados em iniciar esta nova faze de entrevistas com um artista de peso,Kim kehl ficamos felizes em contar com a humildade deste musico conhecido por todo o Brasil e que recebeu o Curinga de Búzios sempre com o maior carinho e boa vontade, agradecimentos atenciosos de Victor Viana e Naldo Marquez.
Para os leitos do curinga de Búzios Curtirem um pouco mais desta nobre figura do Rock brasileiro.
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