14.5.09
Chico Tabibuia: "Se Ele ( Deus) achasse que o "membro" é feio, teria feito o homem "liso".
Francisco Moraes da Silva - Chico Tabibuia - nasceu aqui no município, segundo a certidão do cartório de Casimiro de Abreu, lavrada quando ele já tinha cerca de 30 anos. Arbitrou-se então de sua data natalícia em 20 de outubro de 1936. Criado na maior pobreza, ele nunca teve uma festa de aniversário quando criança, mas ao completar 60 anos, o já consagrado escultor pôde oferecer um almoço de 50 convidados. Lenhador de 1954 a meados de 1988, recebeu a primeira parcela do auxílio concedido pela I Bienal de Escultura do Rio de Janeiro - para o qual foi um dos 20 artistas
Profundamente místico, quando jovem foi cambono de umbanda e vivenciou o mal que Exu provoca. Ao entrar para a Assembléia de Deus, passou a esculpi-lo para aprisioná-lo na madeira, "tirando-o de circulação, para não fazer mais mal ao povo". Procedimentos análogos encontram-se na África, onde Exu, patrono da fecundidade, tem representação freqüentemente bissexual e com grande falo, para simbolizar a importância do pênis sagrado, gerador da vida.
Tabibuia segue esse padrão. Sua escultura é religiosa, respeitada e elogiada por críticos de arte e apresentada em importantes exposições: coletivas, em Paris e Cali (Colômbia); individuais, no Museu Nacional de Belas Artes, do Rio, em São Paulo, Niterói, Cabo Frio, Barra de São João e agora, Casimiro de Abreu e, em Barra, na nova Biblioteca Carlos Drummond de Andrade, um dos primeiros a elogiar, na imprensa, a obra singular de Chico Tabibuia.
Chico Tabibuia, hoje com 65 anos, esculpiu um "boneco" aos 10 e um casal deles aos 25 anos. Aos 40, iniciou, nas horas vagas, uma produção de "bonecos", animais e móveis rústicos, esses últimos logo abandonados. Só aos 52 anos podê dedicar-se praticamente só à escultura (todos os números acima são aproximados). Autodidata, sua carreira artística é curta e sua produção, pequena, pois só esculpe após sonhar. Nunca repete uma solução plástica e o esforço e sofrimento em materializar os sonhos- o que é uma imposição superior - exige inspiração e pausas prolongadas. Sua maior escultura, e talvez recorde em nossa arte popular, é a "família de nove exus", com 1,80m de altura e 4m de perímetro na base. Ela está na Casa de Casimiro de Abreu e levou um ano para ser terminada, para a Prefeitura de Casimiro de Abreu.
Na presente mostra, uma mesa com três bancos, embora de 1989, lembra sua produção inicial, utilitária. As esculturas mais antigas, de fins da década de 1970 aos meados da de 1989, mostram muitos animais, reflexo da vida do lenhador, que esculpia após o trabalho e nos fins de semana. A partir de então, como resultado de sua grande devoção pela Assembléia de Deus, surgem as representações eróticas de Exu, que ele quer exorcizar. Essas representações predominam fortemente na década de 1990.
Dentre as esculturas importantes de Tabibuia, observa-se a maior, com 3m de altura: "Famíla de Exu das Trevas", que participou, em 1998, da mostra Universo Fantástico, paralela à exposição de Salvador Dali, no Museu Nacional de Belas Artes, do Rio de Janeiro.
Uma das mais ousadas esculturas eróticas de Chico Tabibuia - uma mulher que mantém relações sexuais com dois homens - esteve na monumental mostra de arte, a maior já aqui realizada, "Brasil, 500 anos", no Ibirapuera, São Paulo, com futuras apresentações em outras capitais, inclusive no estrangeiro. Se alguém chocar-se com a representação, de corpos completos, com seus órgãos sexuais, vale lembrar o que diz Tabibuia: "Só represento o que Deus fez. Se Ele achasse que o "membro" é feio, teria feito o homem "liso".
( fonte Site da Prefeitura de Casimiro de Abreu)
Frase do mestre:
Artista pra ser artista não pode fazer olhando no livro. Não sei ler nem escrever, mas minha memória (inteligência) é fresca. Tudo que eu faço Deus me ajuda, e faço pelo pensamento".
Chico Tabibuia
"Meu estudo (dom) veio do berço e quem está acompanhando são os anjos do céu. Durmo e tem um Velho que ensina, que é Deus".
Chico Tabibuia
Artista pra ser artista não pode fazer olhando no livro. Não sei ler nem escrever, mas minha memória (inteligência) é fresca. Tudo que eu faço Deus me ajuda, e faço pelo pensamento".
Chico Tabibuia
"Meu estudo (dom) veio do berço e quem está acompanhando são os anjos do céu. Durmo e tem um Velho que ensina, que é Deus".
Chico Tabibuia
Elogio de mestre para mestre:
"Tabibuia teve uma iluminação soberba, ao declarar que numa de suas obras (Puri) a natureza é de feminina e feminino".
Carlos Drummond de Andrade
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