20.12.12

Bùzios: O Tatuí que subiu na vida

Fotografia tirada antes de subir na vida: ficava na areia da praia catando Tatuí. 
O Tatuí andava de chinelos havaianas- quando havaiana era chinelo de pobre-  cada pé de uma cor, quando arrebentava a Correa punha um prego atravessado embaixo da sola para segurar e assim ele ia. Vestindo sempre uma camiseta furada de candidato – no qual não votou-  vivia apenas. Sua aldeia era seu mundo. Era talvez feliz.


De repente os ventos  começaram a soprar um estranha novidade; a aldeia queria virar cidade!  O Tatuí escutou por aqui e por ali aquela historia que na época se escrevia estória.  Um dia parado no cais viu um ator da Globo saindo em uma lancha a jato com duas modelos.  Foi uma epifania ,  um clique, uma virada em sua mente.

Saiu a luta; conversou com amigos e sentiu que ia dá pé; folguedos e cachaça!  Passou na Igreja pegou umas cestas básicas distribuiu  a alguns em seu próprio nome. Passou a ficar em fila de posto de saúde  para marcar numero para os outros e até mesmo emprestava sua bicicleta para que fossem a sede do município resolver problemas.  Agora aquele Tatuí tinha um propósito.

Foi as vésperas de assumir seu posto de nova elite da recém criada cidade que aprendeu a comer de garfo e faca, trajava o terno pegado emprestado do pastor local.  Tinha subido na vida aquele Tatuí;  tomou posse do cargo e muitas terras que trocou por espelhinhos e pentes.


Essa micro crônica - publicada originalmente na 2ª edição do jornal "A Raza" em 2011 e depois em Setembro de 2012 no mesmo jornal - estará no livro “ Os animaizinhos subiram de dois em dois- um manual para se entender os búzios” que será lançado por Victor Viana.

Victor Viana @VianaBuzios 

Victor Viana:  MTB 27666 é jornalista, Assessor de Imprensa, Escritor e Problogger.  Nasceu em Cachoeiras de Macacu e reside em Búzios desde 2005. Casado, com a também jornalista Camila Raupp, é pai de dois filhos. Contatos:  victorvianajornalista@gmail.com ou 22 9837-3336 

Cultura Geral: 

Tatuí (que significa "pequeno tatu" em tupi) ou tatuíra (Emerita brasiliensis) é o nome dado aocrustáceo isópodes que dificilmente passa dos quatro cm de comprimento e que é encontrado fazendo escavações de pouca profundidade nas praias arenosas brasileiras. Tem coloraçãobranca. Sua semelhança com os tatus valeu-lhe o nome comum. Sua importância econômica é a apreciação na culinária local e na pesca. Sua presença em grande quantidade pode determinar o grau de limpeza nas praias. Praias geralmente com um grau leve de poluição em diante podem ter uma população do crustáceo bem reduzida, ou mesmo praticamente não a ter.

É também popularmente conhecido como tatu-d'água e pulga-do-mar.

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