Preâmbulo
Quem é Ângela Diniz ?
Marcos não
suportava mais a pressão. Ela, Joana, era a copdesk, seus textos tinham de
passar por ela antes, e não sabia mais o que fazer. Olhou a data no jornal,
vindo do Rio de Janeiro por Mala Direta, sobre a mesa, 31 de dezembro de 1976.
Manchete: “Ângela Diniz é assassinada em Búzios”. Não sabia quem era Ângela
Diniz e pouco sabia sobre Búzios, sabia que na macumba se usam conchas com esse
nome para se prever o futuro, não tinha certeza. Joana o olhava com ar de
arrogância, estava ele mais uma vez parado diante daquela mulher de um metro e
oitenta e três de altura, que do ângulo da baixa estatura de Marcos parecia uma
mulher com mais de 15 quilômetros de pernas, ria quando pensava nisso. Mais uma
vez despertou de uma das muitas “viagensinhas” de sua mente.
Joana ainda olhava
com olhar arrogante aquele repórter desengonçado com folhas amassadas nas mãos.
Pegou da mão dele e se virou. Colocou os papeis sobre a mesa e arqueou o corpo
para frente, seu traseiro, para ser mais polido, foi projetado para traz. A minissaia
apertada denunciou as formas até então escondidas aos olhos de Marcos. Estava
perdido observando a moça quando essa se virou, balançou os cabelos em um gesto
global de cabeça, e disse: “Via de regra? Via de regra? Assim Não dá! “, berrou
e calou ao ter seu olhar deslizado abaixo da cintura de Marcos. O volume em sua
calça a calou mesmo.
Há quanto tempo trabalhavam juntos naquela redação fria de
Porto Alegre? Houve um momento de denuncia de sentimentos e desejos escondidos
ou mesmo nunca codificados. Virou-se novamente repetiu a posição inicial, dessa
vez levantou com mais vontade, sem pensar, buscou de propósito não pensar, como
fazem as galinhas para despertar o interesse do galo. A mente de Marcos não deu
nenhum voo rasante, daquela vez e ele seguiu a regra daquela via.
Nenhum comentário:
Postar um comentário