10.9.10

Quebra do sigilo: por que Serra não quer mais levar o assunto adiante?











No feriado de 7 de setembro, o PT finalmente reagiu aos golpes baixos da oposição e pediu à Polícia Federal que ouça Amaury Ribeiro Jr., jornalista que escreveu um livro (ainda não publicado) sobre os bastidores sujos das privatizações durante os dois governos de FHC. Amaury descobriu uma rede de políticos tucanos, dentre eles José Serra e sua família, especializada em enriquecimento ilícito (cliquem no link acima).
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O contra-ataque petista colocou o PSDB na parede em relação ao caso da quebra do sigilo fiscal de Verônica Allende, filha de Serra. Prontamente, o presidenciável tucano recuou e, em entrevista, disse: “Por mim, este assunto morreu aqui. Não pretendo mais tocar neste assunto, deixo a decisão de prosseguir nas mãos do partido. O caso, agora, é uma questão do partido, não minha”. Bastou para que a militância petista, no Twitter, pedisse que a investigação fosse até o fim.
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Mais uma vez, o tiro da oposição saiu pela culatra e só fez aumentar a vantagem de Dilma Rousseff, que subiu três pontos em cinco dias, chegou a 55% e está cada vez mais próxima de uma vitória acachapante no primeiro turno.
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Rodrigo Vianna, do Escrevinhador, nos ajudou, didaticamente, a entender o caso da quebra de sigilo e as razões que levaram José Serra a capitular bem no momento em que a briga começaria a ficar boa. Leiam com atenção o resumo abaixo:
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1. No segundo semestre de 2009, Serra e Aécio travavam disputa pela candidatura tucana. Serra teria feito um dossiê sobre Aécio, e mandado recados, através de jornalistas amigos, sobre hábitos pouco ortodoxos do tucano mineiro. Aécio reagiu. Teria pedido ajuda do jornal “O Estado de Minas” para investigar Serra. A tarefa ficou para Amaury e outros jornalistas que trabalhavam naquela publicação.
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2. Fim de 2009/Começo de 2010 – Aécio e Serra acertam um cessar-fogo. Serra sai candidato, mas deixa Aécio magoado pela forma como agiu nos bastidores. As denúncias de Amaury não são publicadas, e ele deixa o jornal.
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3. Amaury teria se aproximado da campanha do PT, levando o material sobre Serra. O material não foi aceito. Amaury guardou tudo e anunciou aos amigos que escreveria um livro sobre as privatizações e as sociedades da família Serra com certos empresários. Detalhe: quem teria levado Amaury para a campanha do PT? O ex-prefeito de BH Fernando Pimentel, que é próximo de Aécio.
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4. Caso vazou na velha mídia em junho de 2010, mas sem todos os detalhes sobre o início da investigação (que teria sido encomendada por Aécio). No mesmo mês, Leandro Fortes publicou na “CartaCapital” reportagem reveladora, com todos os detalhes sobre o caso.
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5. Agosto/2010 - desesperado com a queda nas pesquisas, Serra resolveu usar o caso, mas sem revelar a vertente mineira. Por acreditar que controla o Brasil (ele controla só algumas redações de jornais em decadência), Serra achou que poderia controlar o vazamento de informações. A velha mídia comprou a versão de Serra, e deu amplo destaque para o vazamento de informações da Receita Federal, mas sem contar como começou a investigação.
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6. Feriado de 7/setembro – PT decidiu pendurar o guizo no gato, e pediu que PF ouça Amaury. Um passarinho contou a esse blogueiro que Amaury – se ouvido – vai contar a história completa, jogando a bomba de volta para o colo do tucano Aécio Neves.
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7. O Estado de Minas silenciou sobre o “escândalo” da Receita. Jornais serristas seguem a falar do escândalo (sem citar a vertente mineira). Mas, na internet, o cheiro de pão de queijo se espalhou, levando Serra a um silêncio obsequioso. Candidato desistiu de falar sobre o caso, e pediu para Marcio Aith procurar Amaury (Por que será? Um pedido de trégua?). Um passarinho me contou também que Amaury considera Serra e seus assessores gente não confiável. “Pensam que sou bobo, não vou falar com eles, não”.
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8. Se a bomba estourar de volta pros lados de Aécio, tudo vai ficar parecido com o atentado do RioCentro, no fim da ditadura militar: milicos da linha-dura queriam matar gente no show de Primeiro de Maio, mas a bomba estourou no colo deles, literalmente, deixando a nu como operavam os serviços de informação barra-pesada da ditadura.
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9. Serra, além de não ter colhido votos com o “escândalo, deve ter deixado Aécio Neves e Daniel Dantas realmente muito satisfeitos. O segundo quer ser esquecido pela mídia (e agora Serra trouxe Dantas de volta à tona). O primeiro precisa ganhar a eleição em Minas, e tudo o que não precisa agora é de bombas plantadas em seu colo.
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10. Amaury deve mesmo lançar o livro sobre privatizações, mas só depois das eleições, talvez em 2011.
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Conclusão: Serra e a velha mídia devem ter aprendido agora que acabou o tempo dos “escândalos” controlados. História pela metade o povão não compra mais.

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