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Há mais de 10 anos atrás o ambientalista - Fundador do Jornal “O
Búziano” - Tito Rosemberg disse que Búzios sofreria uma
descaracterização muito grande se a especulação imobiliária não fosse
contida. Quando disse isso muitos não acreditaram nele e até
defendiam as intervenções que estavam sendo feitas na península que
acabaram com o verde de nossas praias e topos de morros. Hoje
entendemos o que Tito queria dizer e temos que admitir: o Tito estava
certo... eu escrevi uma serie de matérias para um jornal pertencente a
uma ONG carioca sobre o assunto em 2008, mas acharam que eu
estava fazendo muito juízo das coisas. Queriam dizer com isso que eu
deveria somente retratar o fatos dos topos de morro estarem tomados
de casas mas que eu não deveria atacar e opinar sobre as razões que
levaram Búzios a esse estado critico em que se encontra. A foto ao
acima é uma produção do Tito de 1995. mostra o bairro e a praia de
Geribá em um futuro próximo...muito próximo pois hoje em 2010 não
estamos longe disso. Agora quem vai parar essa invasão de
condomínios e resorts em Búzios?
Segue a baixo a matéria que fiz e nunca foi publicada:
O direito a beleza e os topos de morro ( Buzios)
O Rio de Janeiro é sempre curioso e diferente. O Rio é uma cidade muita bem
desenhada com a sinuosidade dos morros e montanhas como uma
Grécia tropical. Sempre foi típico na historia que as pessoas com
poder e riqueza escolhessem as elevações para construir suas casas,
deixando que os camponeses morassem abaixo de seus pés. No Rio,
talvez pelo fascínio que temos pelo mar, uma herança lusitana, a
elite carioca foi se estabelecendo as margens deste. Em contra
partida os empregados e migrantes foram, uma herança
quilombola, subindo os morros, e diferente da já citada Grécia, foi se
formando as favelas, paisagem tão carioca quanto a imagem do
Cristo sobre o corcovado. O território de Armação dos Búzios integra
a baixada litorânea fluminense à leste da baía da Guanabara e
localiza-se na faixa transitória de inflexão da costa sudeste
brasileira. Ocupa uma área estimada em 95 Km, não possui distritos
e a ponta dos Búzios, que alguns chamam de península, mas não é,
abriga a Cidade de Armação dos Búzios. Esta complexa cidade do
interior de população cosmopolita é cercada de morros de baixa
elevação, onde afloram uma riquíssima e rara vegetação. Aqui a
elites, sejam cariocas, de outros estados ou paises, foram ocupando
as margens das praias e cobrindo a visão de quem passa. Da década
de noventa para cá se tem observado a rápida ocupação dos morros
da cidade. Aqui não se deu como na cidade do Rio, foram as mesmas
elites que subiram estes morros, e cada dia o que se vê é a formação
de “favelas” de luxo. Os topos de morro têm de ficar livres da
ocupação, pois o povo, seja elite, ou sejam pobres, tem direito à visão
da beleza, alem de que topos de morros preservados controlam o
clima tornando-o agradável com aquele ventinho gostoso que todos
o que migram a passeio para a Região dos lagos gostam e prezam.
Búzios tem em seu plano diretor, leis muito fortes sobre a proteção
do solo, mas este plano diretor tem sido violentado por uma câmara
de vereadores despreparada e desinteressada em criar um turismo
alto sustentável onde sejam mantidas as características naturais que
fizeram de Búzios o lar e o destino de pessoas vindas de todo o
mundo. Quando se fala de inclusão social, nunca se pode esquecer
que um dos direitos inalienáveis de todo ser humano é o direito a
beleza. E seja no Rio ou em Búzios, o cidadão, seja elite, seja popular,
tem o direito de andar pela cidade e ver a beleza que há no alto dos
morros, ou subir esses morros e ver beleza cheia de horizonte do
mar. No alto dos morros cariocas há uma população que tem a vista
privilegiada do Rio, mas tem seus horizontes fechados em
comunidades onde o estado esta ausente. Em búzios estamos
correndo o risco de perdemos nosso horizonte porque uma cidade
não é feita só de casas, condomínios e ruas. Em ambas as cidades, na
metrópole e na antiga vila de pescadores ainda há topos de morros
ou montanhas a serem preservadas e há principalmente a
oportunidade de mantermos cidades desenvolvidas, mas abertas à
beleza que é de todos.
Victor Viana @VianaBuzios
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