- O acordo entre o Brasil, o Irã e a Turquia em torno da questão nuclear da República Islâmica foi uma vitória da diplomacia, afirmou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta segunda-feira.
Segundo ele, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, participou de uma negociação durante todo o domingo e até a madrugada em Teerã, para resolver o impasse.
"Foi uma coisa extraordinária. Eu acho que a diplomacia sai vencedora hoje", comemorou o presidente. "Nós nos reunimos muitas vezes, mas ele (Celso Amorim) ficou reunido até quatro horas da manhã até concluir o acordo, e assinamos a declaração, agora há pouco", comentou Lula, no programa de rádio "Café com o Presidente".
Lula destacou a necessidade do diálogo para alcançar o acerto. "Eu acho que foi uma resposta de que é possível, com diálogo, a gente construir a paz, construir o desenvolvimento."
O presidente chegou na sexta-feira ao Irã e nesta segunda-feira cumpre agenda em Madri.
De acordo com Amorim, que também participou do programa de rádio, o acordo levou em conta as conversas que o governo brasileiro teve com os russos, os chineses e os franceses e permitirá ao Irã desenvolver energia nuclear para fins pacíficos, desde que haja troca de combustível nuclear.
"O que eu queria salientar é que essa declaração entre Turquia, Brasil e Irã contém os elementos principais que são necessários, todos os elementos que são necessários, para que haja o acordo de troca de urânio por elementos combustíveis", disse o ministro.
A medida pode melhorar a confiança da comunidade internacional no Irã e é suficiente para evitar sanções da ONU, segundo Amorim.
Há, entre países ocidentais, a suspeita de que o programa nuclear do Irã tenha fins bélicos, apesar das negativas do país.
"O Brasil acreditou que era possível fazer o acordo. Mas o que é importante é que nós estabelecemos uma relação de confiança", disse Lula.
A República Islâmica anunciou que concorda em transferir 1.200 quilos de seu urânio de baixo enriquecimento para a Turquia dentro de um mês em troca de urânio mais enriquecido para ser usado num reator de pesquisas médicas.
Não mais de um ano depois, o Irã receberá 120 quilos de urânio enriquecido em 20 por cento sob um acordo envolvendo o órgão de vigilância nuclear da ONU, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), assim como Estados Unidos, França e Rússia.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello; Edição de Carmen Munari)
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