(foto recente de Nelsnon Coelho, estamos no encalso dele)
O livro chegou de forma misteriosa, ninguém se lembra como, as mãos de um grupo de jovens do interior do Rio de Janeiro. Da mesma forma misteriosa que chegou sumiu, ninguém sabe ao certo como se foi aquele livro. Mas que livro era esse? O livro se chamava: “ Nas Pernas do longo Rio”, nome confuso, enigmático, poético...a capa era simples, vermelha com as letras grandes do titulo desenhadas sem estética . Quem era o autor? Chamava-se Nelson Coelho. Não seria Paulo Coelho? Não! Que insulto era para aqueles jovens, naquele tempo, alguém achar que eles liam Paulo Coelho. Mas a todos que falavam sobre o tal livro tinham realmente de explicar que se tratava de um escritor chamado Nelson Coelho, e não o Paulo. O que sabemos dele é o que se deixava saber na contra-capa do livro: Foi casado, tinha um filho, morava em São Paulo por trinta anos mas era mineiro, era editor da Revista Senhor. Mas o que nos move a escrever sobre esse escritor que morou nos EUA e viu o desespero da vida desse pais, que todos tentaram imitar e caíram no mesmo desespero, viveu em Londres e na Europa pode sentir o cansaço do berço da civilização ocidental, como disse, o que nos move é saber o por que é tão pouco divulgado? O que se fez desse mestre? O livro que tínhamos nas mãos, sim os tais jovens era eu e meus amigos do movimento Nova Ordem, era da década de 70! Lemos esse livro ao fim da década de 90 ingressando nos anos de 2001. Nelson Coelho foi o primeiro a traduzir textos Zem no Brasil em 1958! Praticava ZA-Zem com o mestre Ryohan Shingu (Vale a pena procurarmos por esse também, se considerava profundamente brasileiro e não acreditava em escapismos culturais. Antes de Nas Pernas do Longo Rio já tinha escrito “Contos Menores”, “Quase Édipo”, “O Primeiro Homicídio” e fez uma antologia de contos japoneses em colaboração com Jose Yamashiro. Escreveu também a “Ilha do Sol” e “O inventor de Deus”. Esse ultimo que citei foi caso de um intrigante e cômico acontecimento envolvendo a mim e meu amigo fraterno e parceiro no projeto ‘O Curinga de Búzios”, Naldo Márquez. Já totalmente fascinados com as reflexões e a forma moderna como escrevia Nelson Coelho saímos nos dois de Papucaia ( Cidadezinha fudida do inteiro do Rio de Janeiro) pegamos um ônibus para Itaboraí, de Itaboraí para Niterói, em Niterói pegamos a Barca que nos levou pela Bahia da Guanabara até o Largo da Carioca...essa peregrinação era eu e o Naldo Procurando pelo Inventor de Deus em sebos e Livrarias de Niterói ao Rio, sem sucesso. Ninguém sabia quem tinha inventado Deus! E quando perguntávamos por Nelson Coelho retrucavam: “ Paulo Coelho?”. O certo é que como ficamos marcados, cada um de nós a seu modo, por esse escritor. Carregamos para nossa vida seus ensinamentos disfarçados de não-ensinamentos! Como ainda hoje uso, tanto na literatura quanto na vida as coisas que li no “Nas Pernas do Longo Rio”...Hoje ( depois de muita pesquisa pela Internet) descobrimos sebos que tem alguns livros desse autor, todos no Rio Grande do Sul...já encomendamos mas exemplares do “Nas Pernas...” e outros títulos, finalmente leremos mais sobre coisas dele!! Se ele estiver vivo, como seria emocionante, tentaremos um contato, mesmo sabendo que lê não visita nem recebe visitas!
Obs: esse é o primeiro texto de uma serie de matérias, artigos e crônicas sobre esse autor. O Curinga de Búzios acredita estar dando um grande contribuição cultural e filosófica ao Brasil divulgando as obras a vida e os pensamentos de Nelson Coelho, abriremos espaço para discussões de sua obra e estaremos a espera de qualquer tipo de contribuição que faça esse autor receber o reconhecimento que merece.
Victor Viana
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