25.12.11

“O Cristo sumiu! Ele não está nas Igrejas!” O primeiro capitulo ( Uma novela de Victor Viana )

No ano de 2008 escrevi dois livros, O Menino do Guarda Chuva - que foi publicado- e esse que agora começo a postar capitulo a capitulo para todos que quiserem ler.
Ele estava encostado no balcão do bar. Fazia calor, como é comum no Brasil, e bebia cerveja. Estava acostumado ao vinho. Enfiou a mão no bolso da calça jeans tirou umas notas e pagou a cerveja sorrindo. Andando, andando, não querendo, mas bem querendo chegou à beira-mar. O vento era forte, resolveu amarrar os cabelos, fez um rabo de cavalo, ficou bonito. As moças o olhavam com admiração, ele se divertia com isso. Estava e era um homem feliz. Chegou no alojamento onde morava com outros operários. Era um trabalhador braçal.
No fundo da igreja a procissão foi lentamente adentrando a nave até ao altar. O sacerdote beija-o e começa a celebração toda lida no breviário. Tudo parecia como sempre...mas alguém dessa vez observou algo incomum. Esse alguém se levantou e gritou: “O Cristo não está na cruz! Ele não está aqui! Sumiu, não está na igreja!”.
O que de inicio foi o desconforto, logo se tornou um tumulto incontrolável. Isso se repetiu pelas igrejas do mundo a fora por todo aquele Domingo.
Em outra igreja começava ao som de musica bem alta a celebração. Os chavões repetidos em voz alta a todo o momento entremeado aos cantos, baterias e guitarras impediram por dias que se percebesse que algo estava diferente ali. Mas em meio a toda aquela euforia alguém rompeu o barulho e gritou ainda mais forte: “Isso tudo hoje é humano! O Espírito não está agindo!”. Como assim? Se o Espírito Santo não está agindo o Cristo então não está presente nesta igreja hoje. Pois o Espírito procede do Pai e do Filho e ambos procedem do Espírito em um movimento continuo que os revela como um só, e ao mesmo tempo singulares. Resumindo: O Cristo também não está nessa igreja. As igrejas do mundo inteiro estavam vazias. Para que ir a igreja se o Cristo não estiver lá? Mas por incrível que pareça o mundo não tinha mudado nada em meses (já havia se passado meses) sem o Cristo nas igrejas. O mundo já não estava observando ou procurando entender suas palavras há algum tempo. Havia uma constante secularização da sociedade. Um ateísmo pratico se estendia de ocidente a oriente como uma hera sobre o muro de um quintal. Não era um ateísmo vindo de uma ideologia ou por uma crise religiosa como se deu por vezes, era um ateísmo de preguiça e desinteresse mesmo. A espiritualidade banalizada como o corpo de mulher em programa de auditório. Se o Cristo não estaria nas igrejas onde estaria? “Ele está no deserto!’ Alguns diziam. “Ele está na montanha!”Outros diziam”, e o que mais se via era alguém apontando onde ele estava. E todos esses guias cegos diziam sempre que ele estava em suas igrejas e não nas dos outros. A confusão era total. A reunião foi marcada. Iriam se encontrar em terreno neutro. Escolheram NeverLand para ser o pais ideal para aquela reunião secreta que ia acontecer, e aconteceu. Os sacerdotes ocidentais estavam todos sentados e não se levantaram quando a representante das igrejas de terceira via chegou, era uma mulher. Os sacerdotes da ocidental não estavam acostumados a verem mulheres no comando de igrejas. Sentaram-se todos, e pelos da ocidental, já podia começar a reunião. Mas um assistente adentrou a sala aos gritos que mais um representante estava chegando. Era um sacerdote das igrejas do oriente. Um dos assistentes cochichou nos ouvidos dos representantes sentados. Teriam, realmente que se levantarem e irem beijar, como é o costume, o rosto do sacerdote da oriental. Com asco beijaram-no. Com um certo ar de satisfação por constrangê-los o da oriental sorriu. Todos se sentaram para montarem o tal plano que traria o Cristo de volta.

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