20.12.11

A Lenda do Pastor que destruiu a própria igreja

Durante muito tempo me recusei escrever sobre experiências que tive dentro do protestantismo, em especial nas igrejas neopetencostais, por conta das inúmeras decepções e frustrações que passei. Mas, passado tanto tempo e depois de levantar tanta curiosidade nos leitores do BlocodoClovis, resolvi me encorajar a escrever sobre algumas delas. Experiências que me mostraram o lado mais fúnebre do elitismo dentro da igreja e de suas consequências para a minha geração. O convívio com pessoas sedentas por poder, dinheiro fácil das massas, luxo e megalomanias que foram lapdando o meu carater e mostrando claramente quais rumos seguir dentro de um mundo povoado de caminhos tortuosos e lobos esfomeados. Mas, também mostrarei algumas experiências que me transformaram no socialista e naturalista que sou hoje. Experiências que geraram em mim os sentimentos mais sublimes que jamais a literatura ou o melhor dos filmes puderam me proporcionar. Como a compaixão pelos oprimidos, a empatia pelo que sofre, o amor voluntário ao próximo, a causa da viúva, do extrangeiro e do órfão. O Título O título polêmico carrega em si uma experiência interessante (que relatarei em breve) acerca de um líder que construiu um projeto de igreja modelo, levantou uma liderança destemida e depois ele mesmo a "destruiu" por não conseguir lidar com as diferenças, as críticas, as decepções, os pobres e o ego ferído. A lenda Este relato, que será postado em partes semanalmente, remonta algumas esperiências que vivi entre 2002 e 2006, período em que me engajei em um projeto aldacioso como integrante da criação de uma congregação no modelo dos 12. Um projeto que pretendia levar ao conhecimento de Cristo 5mil pessoas em três anos. Eu era só mais um Silva, de família muito pobre, sem compreensão alguma sobre socialismo, esquerda ou direita, luta de classes. Extremamente apaixonado pelo evangelho e por vezes radical em relação ao trato com o próximo. Éramos cerca de 13 pessoas saídas de uma igreja tradicional e queríamos, sem a mordaça politiqueira de supervisores distritais vendidos e bispos esfomeados por dízimos, entrar de corpo e alma na visão celular no Governo dos 12. Uma espécie de modelo de organização eclesiástica que tinha como finalidade formar grupos de 12 em cada casa e fazer com que estes se multiplicassem quantitativamente de 12 em 12. Não vou me ater a questão da visão celular até porque todo material necessário para sua compreensão está na internet. O Bom Pastor e o mal pastor Um dos personagens principais dessa experiência é a figura do pastor que nos pastoreava e que desencadeou boa parte dessa história. Desde sua idealização, motivação dos que lhe confiaram a vida até a sua decadência. A vivência com uma pessoa que foi da aprovação até rejeição em 5anos. Uma pessoa que, com medo de perder o controle de seu projeto, cometeu alguns dos mais absurdos erros para com a vida humana: a tentativa de manter cativos em seu projeto os libertos pelo evangelho de Cristo. Esse pastor, que por motivos de respeito manterei a identidade em segredo e me aterei a chamá-lo apenas de Pastor, era uma pessoa muito amada, controversa e foi sendo polêmica até os dias da decadência de seu projeto. Um líder que por seu enorme carisma, que por vezes contrastava com um autoritarismo incontrolável, foi da confiança ao descrédito aos olhos dos fiéis que confiaram-lhe a vida. Bem diferente da figura do Bom Pastor relatada pelo próprio Cristo. Este será um personagem na história que terá como objetivo didático mostrar os perigos do egocentrismo dentro do caráter de um líder. Um ego que, de tão forte e alimentado, cegou-lhe o entendimento e incapacitou-lhe de enchergar que estava destruindo "a própria igreja" que Deus lhe confiara. (continua)


Escrito Por Clovis Bate Bola

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