12.8.10

Oliver Stone: “Hugo Chávez é tão odiado quanto eu”







O diretor diz como captou uma “revolução social e política” liderada pelo presidente da Venezuela que os EUA não entendem





QUEM É
Nasceu em Nova York em 15/9/1946. É casado desde 1996 com Sun-jung Jung e tem três filhos
O QUE FEZ
Entre seus filmes mais famosos estão: Wall Street (1986), JFK (1991), Evita (1996), World Trade Center e W. (2008), Wall Street – O dinheiro nunca morre (2010)
O QUE GANHOU
Três Oscars: Melhor Roteiro por Expresso da meia-noite (1978) e Melhor Diretor por Platoon (1986) e Nascido em 4 de julho (1989)







– Por que o senhor escolheu a América do Sul como tema?
Oliver Stone – Parti do desconhecimento que nós, americanos, temos do continente devido
Saiba mais
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aos meios de comunicação. Tudo o que está fora de nossas fronteiras sofre um estigma. Foi pelo mesmo motivo que retratei Fidel Castro e denunciei a participação americana no tráfico de armas em El Salvador. Os americanos ignoram uma revolução que está acontecendo perto de nós, na América do Sul. E que vai alterar a face das Américas para sempre. Há um golfo imaginário que nos separa.



– Os americanos estão parecidos com o restante do continente?

Stone – Sem dúvida! O desemprego nos Estados Unidos está enorme e estamos passando por situações que os sul-americanos já resolveram, até porque sofreram mais. E hoje vocês experimentam grandes transformações.



– Hugo Chávez está no centro do processo?

Stone – Sim. Apesar da impopularidade causada por alguns atos ditatoriais, ele é um líder legítimo, eleito por voto popular. Também inspirou toda uma nova geração de chefes de Estado. Mesmo assim, continua a ser chamado de ditador pelos americanos. Em meu país, Chávez é tão odiado quanto eu! (risos)



– E a pessoa Hugo Chávez?


Stone – Ele é um urso: supersimpático, caloroso, hospitaleiro. Ele é ótimo para bater papo. E gosta de contar casos e dizer besteira. Um ser humano adorável.



– No filme, Evo Morales diz que o presidente Lula é de centro-esquerda. O senhor concorda?

Stone – Lula guarda uma posição estratégica. Sua origem é esquerdista, mas ele vai além das ideologias. Tem a ensinar a Barack Obama. Agiu como um verdadeiro estadista ao costurar o acordo com o Irã e a Turquia.



– Obama rejeitou o acordo.

Stone – Pois é, nesse sentido Obama decepcionou. Eu o comparo a John Fitzgerald Kennedy. Como ele, Obama precisa se submeter a uma série de mecanismos de Estado que não pode controlar. JFK foi assassinado pela CIA porque queria avançar demais nas reformas e na desmilitarização. Obama é um homem ousado, porém obrigado a servir aos interesses maiores de Washington. Ele deve concordar com tudo o que Lula costurou no Irã, mas não vai dizer isso em público.



– O senhor se considera um cineasta político, um provocador?

Stone – Não sou partidário, político, nem me considero um agente provocador. Sou um artista. Quero esclarecer os problemas do mundo. Posso fazer isso tanto com um documentário como com filmes de ficção. Em Platoon, mostrei o sofrimento dos soldados americanos no Vietnã, para desespero dos conservadores, que queriam me ver pelas costas. Em Ao sul da fronteira, tento retratar a alegria das novas lideranças, capazes de mudar o mundo. Sei que serei hostilizado por alguns setores de meu país e mesmo aí na América Latina.


– O senhor fez dois filmes sobre Wall Street, em 1986 e em 2010. Nestes 24 anos, Wall Street piorou?
Stone – Sim, houve a oficialização da ganância. Os especuladores receberam bilhões dos bancos centrais. O processo se repete agora na Europa, e ninguém está gostando de ver esse cassino em que os jogadores não perdem nunca. Isso pode destruir o sistema.

Fonte- http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI144702-15220,00-OLIVER+STONE+HUGO+CHAVEZ+E+TAO+ODIADO+QUANTO+EU.html

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