26.9.11

20 anos de um dos melhores discos de Rock da historia. Tosco, agressivo, poesia áspera e louca. Arte em estado bruto.


20 anos do disco que tudo mudou


26 | 09 | 2011   09.42H
"Nevermind" dos Nirvana é hoje reeditado, 20 anos após o seu lançamento em Setembro de 1991, em versões remasterizadas ou de luxo. The Guardian chamou ao clássico álbum um dos eventos mais importantes da história do rock.
Patrícia Naves | pnaves@destak.pt
Em PJ20, filme que celebra os 20 anos dos Pearl Jam, assinalados no mesmo mês que Nevermind, a ‘presença’ de Kurt Cobain e dos Nirvana é uma constante: seja pelo papel predominante que tiveram na cena musical de Seattle e no, rejeitado pela maioria das bandas e esmiuçado épitome do grunge; pela atenção que fizeram voltar para aquela região de onde viriam a sair tantos grupos significativos; ou pela luta perdida de Kurt Cobain entre o amor pela vida e pela música e os excessos, a doença e os fantasmas da fama (e não só), uma perda trágica que se tornou um marco, o fim do líder de uma geração que nunca o quis ser.
Os Nirvana não eram grunge; antes de serem engolidos pelos media foram uma banda de rock próximo de sonoridades e atitude do punk, só que levaram-no a massas que não se identificavam com as letras e postura de grupos como os Ramones, e que viram nos Nirvana uma luz, nos seus temas hinos. Quando, a 24 de Setembro de 1991, Nevermind chegou às lojas, o 1º disco Bleach já tinha posto público e critica atenta ao grupo de Aberdeen sitiado em Seatlle, agora com novo baterista, Dave Grohl, dos Scream (que quase pediu para entrar na banda), Butch Vig na produção e nova editora, a DGC Records. Em 1991, os Nirvana já eram falados, mas ninguém estava preparado para o iria acontecer.
Com o single Smells Like Teen Spirit a rodar nonstop em rádios e TV, músicas com uma incrível mistura de raiva polvilhada de pop, letras pessoais (de Cobain) sobre o amor, as drogas, a vida e a morte, no Natal de 1991, Nevermind já vendia 400,000 cópias por semana nos EUA (atingiria os 30 milhões no mundo), e o resto é história da música resumida em flashes: digressões mundiais, novo disco, In Utero em 1993, Cobain encontrado morto em Abril de 1994, a luta contra os seus demónios perdida, o fim do grupo, as polémicas entre os ex-elementos e a viúva Courtney Love sobre o material deixado, e agora os 20 anos.
Nevermind foi um disco único, que abriu portas para o rock alternativo e influenciou centenas de bandas. 20 anos depois, continua um álbum essencial e que nunca foi repetido apesar das muitas tentativas, um clássico incontornável. Hoje, é reeditado em diversas formas- desde a remasterização do álbum original, em CD e formato digital comum, a uma edição Super Deluxe, composta por 4 CDs e 1 DVD.
Limitada e numerada, esta edição Super Deluxe é a mais extensa e ambiciosa colecção do seu género, com apenas 10 mil exemplares disponíveis na América do Norte e 30 mil no resto do mundo. É composta pelo álbum original remasterizado, lados B de estúdio e ao vivo, pela primeira edição oficial das maquetas pré-Nevermind, gravadas nos Smart Studios, de Butch Vig, assim como pelas gravações dos ensaios seguintes – o que permite ao ouvinte compreender as canções.

Tem ainda um exclusivo do álbum nas misturas de Devonshire, uma versão produzida por Vig mas misturada por Andy Wallace; gravações inéditas realizadas pela BBC e um inédito espectáculo da noite das bruxas no Paramount Theatre de Seattle, de 1991, disponível pela primeira vez e em exclusivo deste formato, em CD e DVD (que apresenta, igualmente, os quatro telediscos de Nevermind), além de um livro de 90 páginas recheado de fotografias raras e inéditas.
O formato Deluxe é composto por um duplo CD com a remasterização do álbum e os seus lados B, as sessões dos Smart Studios, os ensaios e as sessões da BBC, ou 4 LPs (uma edição em vinil de 180 gramas composta pelas mesmas 40 canções da edição Deluxe), ou CD com o álbum original remasterizado e em versões digitais das edições standard e Deluxe.
Ainda, a actuação do Paramount Theatre, transcrito de película de 16mm e áudio multi-faixas, o único concerto conhecido dos Nirvana gravado em filme, estará a partir de hoje disponível em Blu-ray, DVD e digital.
Há dias, os músicos da banda, Dave Grohl e Chris Novoselic e o produtor Butch Vig reuniram-se no estúdio onde foi gravado o álbum histórico para lembrar a década de 90 e Kurt Cobain. Grohl afirmou que foi a participação no 'Saturday Night Live' que o fez cair em si e perceber que a banda era já um sucesso. “Eu pensei: 'Oh, meu Deus, nós agora somos uma daquelas bandas’”, disse. Novoselic também admitiu que “foi chocante ficar famoso”. “E lá estava Kurt, que foi designado o porta-voz de uma geração. Isso foi muito duro para ele. Tinha algumas questões pessoais a acontecer tão rápido quanto a banda. Ele estava num redemoinho. Kurt não se identificava propriamente com a Geração X ou os valores do "mainstream"”, acrescentou.

Sobre Nevermind, que o jornal inglês The Guardian citou como um dos eventos mais importantes da história do rock, disseram ser “omnipresente” e “intemporal”. No entanto, lamentaram não ter mudado a música, que continua cheia de programas “idiotas” para vender discos. A geração que cresceu a ouvir Come As You Are e Breed, e que hoje celebra os seus 20 anos em todo o mundo com concertos, festas, documentários, entrevistas e as reedições, permite-se a discordar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário