20 anos do disco que tudo mudou
26 | 09 | 2011 09.42H
"Nevermind" dos Nirvana é hoje reeditado, 20 anos após o seu lançamento em Setembro de 1991, em versões remasterizadas ou de luxo. The Guardian chamou ao clássico álbum um dos eventos mais importantes da história do rock.
Em PJ20, filme que celebra os 20 anos dos Pearl Jam, assinalados no mesmo mês que Nevermind, a ‘presença’ de Kurt Cobain e dos Nirvana é uma constante: seja pelo papel predominante que tiveram na cena musical de Seattle e no, rejeitado pela maioria das bandas e esmiuçado épitome do grunge; pela atenção que fizeram voltar para aquela região de onde viriam a sair tantos grupos significativos; ou pela luta perdida de Kurt Cobain entre o amor pela vida e pela música e os excessos, a doença e os fantasmas da fama (e não só), uma perda trágica que se tornou um marco, o fim do líder de uma geração que nunca o quis ser.
Os Nirvana não eram grunge; antes de serem engolidos pelos media foram uma banda de rock próximo de sonoridades e atitude do punk, só que levaram-no a massas que não se identificavam com as letras e postura de grupos como os Ramones, e que viram nos Nirvana uma luz, nos seus temas hinos. Quando, a 24 de Setembro de 1991, Nevermind chegou às lojas, o 1º disco Bleach já tinha posto público e critica atenta ao grupo de Aberdeen sitiado em Seatlle, agora com novo baterista, Dave Grohl, dos Scream (que quase pediu para entrar na banda), Butch Vig na produção e nova editora, a DGC Records. Em 1991, os Nirvana já eram falados, mas ninguém estava preparado para o iria acontecer.
Com o single Smells Like Teen Spirit a rodar nonstop em rádios e TV, músicas com uma incrível mistura de raiva polvilhada de pop, letras pessoais (de Cobain) sobre o amor, as drogas, a vida e a morte, no Natal de 1991, Nevermind já vendia 400,000 cópias por semana nos EUA (atingiria os 30 milhões no mundo), e o resto é história da música resumida em flashes: digressões mundiais, novo disco, In Utero em 1993, Cobain encontrado morto em Abril de 1994, a luta contra os seus demónios perdida, o fim do grupo, as polémicas entre os ex-elementos e a viúva Courtney Love sobre o material deixado, e agora os 20 anos.
Nevermind foi um disco único, que abriu portas para o rock alternativo e influenciou centenas de bandas. 20 anos depois, continua um álbum essencial e que nunca foi repetido apesar das muitas tentativas, um clássico incontornável. Hoje, é reeditado em diversas formas- desde a remasterização do álbum original, em CD e formato digital comum, a uma edição Super Deluxe, composta por 4 CDs e 1 DVD.
Limitada e numerada, esta edição Super Deluxe é a mais extensa e ambiciosa colecção do seu género, com apenas 10 mil exemplares disponíveis na América do Norte e 30 mil no resto do mundo. É composta pelo álbum original remasterizado, lados B de estúdio e ao vivo, pela primeira edição oficial das maquetas pré-Nevermind, gravadas nos Smart Studios, de Butch Vig, assim como pelas gravações dos ensaios seguintes – o que permite ao ouvinte compreender as canções.
Tem ainda um exclusivo do álbum nas misturas de Devonshire, uma versão produzida por Vig mas misturada por Andy Wallace; gravações inéditas realizadas pela BBC e um inédito espectáculo da noite das bruxas no Paramount Theatre de Seattle, de 1991, disponível pela primeira vez e em exclusivo deste formato, em CD e DVD (que apresenta, igualmente, os quatro telediscos de Nevermind), além de um livro de 90 páginas recheado de fotografias raras e inéditas.
O formato Deluxe é composto por um duplo CD com a remasterização do álbum e os seus lados B, as sessões dos Smart Studios, os ensaios e as sessões da BBC, ou 4 LPs (uma edição em vinil de 180 gramas composta pelas mesmas 40 canções da edição Deluxe), ou CD com o álbum original remasterizado e em versões digitais das edições standard e Deluxe.
Ainda, a actuação do Paramount Theatre, transcrito de película de 16mm e áudio multi-faixas, o único concerto conhecido dos Nirvana gravado em filme, estará a partir de hoje disponível em Blu-ray, DVD e digital.
Há dias, os músicos da banda, Dave Grohl e Chris Novoselic e o produtor Butch Vig reuniram-se no estúdio onde foi gravado o álbum histórico para lembrar a década de 90 e Kurt Cobain. Grohl afirmou que foi a participação no 'Saturday Night Live' que o fez cair em si e perceber que a banda era já um sucesso. “Eu pensei: 'Oh, meu Deus, nós agora somos uma daquelas bandas’”, disse. Novoselic também admitiu que “foi chocante ficar famoso”. “E lá estava Kurt, que foi designado o porta-voz de uma geração. Isso foi muito duro para ele. Tinha algumas questões pessoais a acontecer tão rápido quanto a banda. Ele estava num redemoinho. Kurt não se identificava propriamente com a Geração X ou os valores do "mainstream"”, acrescentou.
Sobre Nevermind, que o jornal inglês The Guardian citou como um dos eventos mais importantes da história do rock, disseram ser “omnipresente” e “intemporal”. No entanto, lamentaram não ter mudado a música, que continua cheia de programas “idiotas” para vender discos. A geração que cresceu a ouvir Come As You Are e Breed, e que hoje celebra os seus 20 anos em todo o mundo com concertos, festas, documentários, entrevistas e as reedições, permite-se a discordar.
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