7.4.11

Palavrão é arte?

Esse passo, se me lembro, não causou espanto em nenhum dos envolvidos diretamente no movimento. Acho que todos já intuíam isso de alguma forma e quando foi proposto, por sei lá quem, todos compreenderam a importância dele prontamente: “Sim, palavrão é arte!”.

Mas aos amigos, jovens e coroas, houve certo desconforto sobre esse passo. Palavrão é arte? Palavrão é algo inconveniente e não é de bom tom. Sim realmente palavrão não é de bom tom. Mas espera ai, como assim eu digo que é arte e depois digo que não é de bom tom...

O palavrão não é arte, é agressivo e anti-social, quando dito em momentos de violência real ou em desrespeito ou ofensas a um individuo. Mas no campo da arte é o que afirmamos ser no manifesto Nova Ordem por ser algo que abre portais de emoção tanto na literatura quanto em letras de musica e afins. O palavrão não consegue ser arte quando é posto de forma gratuita em determinada situação ou quando é posto fora de um contexto que o caiba. Em um capitulo louco do livro “Nas Pernas do Longo Rio” do mestre Nelson Coelho, um personagem está narrando as maravilhas de um dia de sol na praia e ele exclama: “ Puta que pariu! Como estou feliz! “ o palavrão rompe a monotonia de uma discrição comum sobre um dia de sol e abre espaço a um mergulho humano nessa cena quase que prosaica.Dando mais um exemplo posso citar um caso em que meu irmão mais novo gosta de imitar uma passagem do filem “Cidade de Deus “ em que o personagem Zé Pequeno vira-se para seu bando e diz: “ Porra! To fudido com vocês!”,a cena diverte meu irmão por esta frase estar sendo dita pelo ator com um sotaque e uma dicção que nos faz rir retirando do palavrão uma carga negativa ou pesada. Zé Pequeno é um personagem mau, não há como se gostar dele em todo o curso do filme, mas nesse momento do palavrão Zé Pequeno é humanizado. O palavrão dá a ele um ar de graça ( quase que no sentido religioso mesmo ) e mais do que isso abre uma parêntese ( mesmo que breve ) onde o espectador se identifica com o mostro, que até ali, era só o que se podia ser visto.



Visto por este ponto o palavrão é uma contribuição a arte e é arte. Quando dá realidade a uma cena que seria apenas cena, ou quando abre o já dito portal de emoção que faltava a um personagem ou situação que poderia estar ideal ou politicamente correta demais.



Ainda haverá com certeza muito ainda que se dizer sobre este passo, e muito a se mostrar do que foi produzido pela própria Nova Ordem.



Victor Viana

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