22.8.11

Eu e os livros ( Infância )




De tempos em tempos é sempre bom retornar ao trabalho missionário de pregar fervorosamente o poder “sobrenatural “ do livro para a libertação das mentes e a elevação do homem. Eu poderia pichar nos muros : “Só a leitura salva” ou parafrasear um pichador religioso do Rio e fixar nas principais vias de acesso: “ Só o livro expulsa o demônio das pessoas! Srrrs”.
Vem da infância as primeiras lembranças do contato redentor com os livros. Monteiro Lobato e o ‘Poço do Visconde” – Magnífico- alem do clássico “O Pequeno Príncipe” e seu discurso humanista: “ Você é eternamente responsável por aqueles que conquista”. Há um livro que ficou marcado fundo na minha alma, mas que minha memória não conseguiu guardar o nome da autora- mas lembro que era autora- se chamava “O caçador de Cacos”, acho. Livro infantil atípico, soturno. Mas a grande epifania - mantendo assim o teor religioso do texto- foi com Ziraldo e o seu “O Menino Maluquinho”. Foi uma transformação em mim desde os fundamentos da minha pessoa tão criança. Era a historia de um menino- e estava na biblioteca da escola governada por mãos de ferro de uma diretora que ainda dava reguadas nos alunos- com o olho maior que a barriga, fogo no rabo e pés de vento. Simplesmente fantástico! Entre livros como a historia de um garoto que virava burro ao desobedecer a professora surgia esse menino tão parecido com os meninos de verdade. Dali em diante eu me fundava como homem- ao menos o homem em constante formação que viria a ser- e como um improvisado pensador livre. Tentei roubar aquele livro – mas ainda não tinha a manha necessária que depois viria a ter e que levou a conseguir êxito em vários roubos literários na vida- em vão. Depois minha prima ganhou o livro, sabia que ela não leria- e não leu- pedi para mim. Ela não me deu, chorei escondido. Era o inicio de minha relação passional com os livros. Decidi ainda na tenra idade a ter o mesmo futuro do Menino Maluquinho: “ Ser um cara legal, mas um cara legal mesmo, um cara legal”. Se eu tiver conseguido isso já posso me considerar realizado. Espero.
Victor Viana
Aguardem os próximos textos de “Eu e os livros”.

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