30.4.14

Barra de São João: Um pouco dessa pequena e bela cidade

Igreja de São João Batista na Prainha 


Praça das Primaveras, com o Museus "Casa de Casimiro de Abreu" e o Rio São João ao fundo. 

Pequena e bucólica  nos meses de baixa temporada e o fervo durante o Carnaval, essa é Barra de São João, segundo distrito de Casimiro de Abreu, no Rio de Janeiro.

Como o próprio nome diz, é um barra de terra entre o mar e o majestoso Rio São João.            

Foi nesta bela cidade, á apenas 5 Km de Rio das Ostras,  30 Km de Búzios, 180 Km do Rio de Janeiro e 500 Km de São Paulo,  que nasceu o poeta Casimiro de Abreu.

"Eu quero ouvir na laranjeira, à tarde, cantar o sabiá". Este pequeno trecho presente na "Canção do Exílio" - do poeta Casimiro de Abreu - descreve de maneira sucinta e direta toda a calma e paz de sua cidade natal.

Barra de São João pode ter muitos dos seus pontos turísticos visitados no espaço de um dia e até mesmo a pé.

29.4.14

Vinicius Martins reina em Búzios por mais um ano



Com 18 anos completados no último dia 23, Vinicius já é a promessa do esporte no País. Lidera o ranking brasileiro. É o 11º no mundo. É ultra simpático, humilde, buziano, morador de Manguinhos. Quebrou o seu próprio recorde e distribuiu simpatia - Via Búzios Convention 

Vinicius - Foto de Gustavo Medeiros 
O Rei de Búzios é cada vez mais sucesso!

Da redação 

A quarta edição do "Rei de Búzios", reuniu  uma majestosa galera aficionada pelo Styand Up Paddle de todo o Brasil, tinha até alguns gringos. Realizado nos dias 26 e 27 de abril,  a competição movimentou a cidade e promoveu uma mega confraternização  entre os praticantes deste esporte.
O evento que é uma realização da Art In Surf, com patrocínio da prefeitura de Búzios,  teve largada na Praia da Ferradura e a chegada no Búzios Vela Clube, em Manguinhos.
Os campeões coroados na categoria Elite, como "Rei e Rainha" de Búzios, foram Vinícius Martins -  que abocanhou pela segunda vez consecutiva o titulo - e Lena Guimarães, com percurso em torno de 12 km. Foram premiados os três primeiros colocados em cada categoria, que são: Masculino 14 pés, Masculino Elite 12'6, Feminino Elite 12'6, Masculino e Feminino Master 12'6 (acima de 40 anos), FUN4ALL Masculino e Feminino (pranchas até 12'2 pés), FUN4ALL Masculino e Feminino Master e inSUP (somente pranchas infláveis).
Na categoria FUN4 All e InSup para pranchas até 12 pés, o percurso ficou em torno de 6 km, da Praia de João Fernandes a Manguinhos.

28.4.14

Mafalda e o Turismo

Exemplares antigos de Mafalda em |San Telmo- Victor Viana 
 Uma personagem excepcional 

Por Victor Viana

#Mafalda, uma menina de seis anos de idade, que odeia sopa e adora os Beatles e o desenho Pica-Pau é criação do cartunista argentino #Quino. Ela se comporta como uma típica menina na sua idade, mas tem uma visão aguda da vida e vive questionando o mundo à sua volta, principalmente o contexto dos anos 60 em que se encontra. Tem uma visão mais humanista e aguçada do mundo em comparação com os outros personagens. Quando estive na #Argentina, em 2012, acompanhando, como repórter, o diretor executivo do Búzios ConventionCristiano Marques (na época secretário de turismo de #Búzios), pude ver a importância e a força da personagem para o turismo daquele país. Acho que a busca por uma identidade cultural e artística é de suma importância para incrementar o destino Búzios no imaginário dos que o pretendem visitar. Tirei essa foto na feira do bairro de #SantTelmo, onde há uma gigantesca feira de artesanato e antiguidades todos os domingos. na verdade é uma verdadeira festa. Essa é uma ação que deveria ser copiada por Búzios. Em San Telmo vem pessoas de diversos lugares da argentina, não somente artistas residentes na cidade. Isso deveria ser estudado de que maneira poderia ser feito. #CuringadeBúzios www.curingadebuzios.blogspot.com

26.4.14

Búzios: Turismo de pegada

Opinião do jornalista Arthur Veríssimo sobre a cidade 
Por Victor Viana 
Arthur pelas lentes de \Marcelo Lartigue 
Ao final da entrevista oficial - publicada em O Perú Molhado - vem à hora da troca de ideias, ao menos acontece quando o entrevistado é interessante como o Veríssimo, e no papear animado, junto ao meu editor Mister Lartigue, perguntamos o que nosso amigo gonzo achava do turismo e Arthur, que afirmou também curtir os pontos tradicionais do turista comum, como Arpoador, Torre Infel, Cristo Redentor.
“Búzios tem um magnetismo, mas está ficando cada vez mais difícil vir aqui, e olha que eu tenho uma filha aqui. Um voo por semana é pouco, nós paulistas, temos outro tempo que é diferente do carioca. O paulista quer chegar e já por a sunga e ir correndo para a praia, e pode ser que ele volte para Sampa no outro dia. Ele quer chegar e já se inserir na natureza, vocês cariocas já estão inseridos com a natureza, é uma relação diferente”
Mas Arthur levanta uma questão muito importante que impressiona por apontar uma saída criativa a que chamou de “turismo de pegada”.
“Eu vejo as agencias de viagens e as secretarias de turismo com muito blablá, sempre agregam o elemento Rede Globo, que é legal, eles dominam a cena brasileira, mas não é trazendo galã de novela que se vai vender uma imagem forte de Búzios. É trazendo para cá representantes, criar uma espécie de embaixadores de Búzios pelo mundo, uns cinco personagens que se tornem representantes da cidade. Pessoas de talentos diversos”.
Perguntado sobre como seria o perfil desses “representantes”, Arthur explica que se podem mesclar locais e personalidades.
“Daqui há o Bimba, por exemplo. Mas há outros como o próprio Marcelo (Lartigue), é ícone. Mas pessoas de fora como um esportista, um grande artista, eu mesmo acho que me enquadro nisso. É muito leviano não usar os talentos para representar a cidade. Imagina eu estando lá no Tibete e depois eu dizer que depois que terminar a expedição irei descansar em Búzios: Isso vai repercutir. São figuras que curtem Búzios. O Armando Ehrenfreund, grande amigo, já tentou fazer isso, a Patrícia, que é dona da Blue Marlin, já tentou fazer também. Uma figura bacana seria a Karina Oliani, uma mulher que subiu o Everest, isso tem uma peso, e ela diz que vai descansar em Búzios. Uma declaração destas tem mais força que uma propaganda de um ano na Rede Globo. Isso vale um milhão de dólares, mas os caras não pensam com frescor”.
Leia e entrevista feita por Victor Viana com Arthur Veríssimo em O Perú Molhado

23.4.14

O pôr do sol de Búzios


Uma nova onda para o turismo

Por Victor Viana

Pô do Sol na Praia de Manguinhos - Victor Viana 
Com certeza, o pôr do sol está entre um dos maiores espetáculos da natureza, mas em alguns lugares, o "show" é ainda melhor. Em Búzios, é consenso que esse momento cotidiano e, no entanto, tão especial pode ser observado em várias praias, como Azeda, Azedinha e Rasa. Porém, quem já está fora da areia, pode acompanhá-lo dos bares e restaurantes da Orla Bardot (praia da Armação) ou do Porto da Barra, em Manguinhos.
Vai soar clichê e, talvez, até gasto, mas é preciso afirmar e reafirmar nossa vocação turística e ele, o turismo, é dinâmico. Já se tornaram comum nas ruas as afirmações de que só teríamos praia e restaurantes a oferecer a quem se decide por Búzios na hora de dar uma passeada, então que busquemos novas experiências para oferecer aos nossos "patrões" (é assim que devemos ver o turista), e o pôr do sol pode ser uma boa iniciativa.
Em algumas cidades do mundo o pôr do sol, além de sua beleza por si só, passou a ser acompanhado de verdadeiros "acontecimentos" que transformam o espetáculo natural em um verdadeiro evento.

Pelo mundo  

A revista Forbes elegeu as 10 regiões do mundo onde o pôr do sol é palco para belas e grandes celebrações. Foram citados lugares como a Ilha de Oia, em Santorini, na Grécia onde além de vislumbrar o cenário da ilha, os espectadores podem ver um espetacular show de luzes, e Ibiza, na Espanha, onde na faixa de areia da badalada praia, os turistas e locais também aplaudem o espetáculo da natureza e ainda podem observar paraquedistas e shows de luzes com muitas batidas comandadas por DJs. A revista destaca a manifestação semelhante que acontece no Rio de Janeiro, onde uma multidão se junta para aplaudir o belo pôr do sol da praia do Arpoador, como também no país vizinho, Uruguai, onde uma multidão se propõe a aplaudir a bela vista do sol que começa a se esconder nas margens da praia.

Como vemos no Brasil, apenas o Rio de Janeiro ganhou destaque na publicação americana, mas outras cidades brasileiras têm investido na propaganda de seu pôr do sol, como Porto Alegre. O pôr do sol do Guaíba recebe sempre destaque nas ações turísticas da capital gaúcha e pode ser contemplado durante um chimarrão na Usina do Gasômetro, um passeio pelo Cais do Porto, uma caminhada pelo calçadão ou até mesmo flutuando no próprio lago com o famoso Cisne Branco, que realiza passeios pelas principais ilhas e happy hours a bordo. O Nordeste não poderia ficar de fora, e o pôr do sol ganhou trilha sonora em João Pessoa. Todos os dias, quando o astro-rei dá os últimos suspiros na praia fluvial do Jacaré, o saxofonista "Jurady do Sax" entoa nada menos que o “Bolero”, de Ravel. O espetáculo acontece por volta das 17h e atrai moradores e turistas que lotam os vários bares à beira-rio. 

Mas famoso mesmo é o pôr do sol do Key West, onde os americanos afirmam que é o ponto onde o sol se põe na América. Milhares de pessoas são atraídas a esse verdadeiro evento, especialmente uma grande quantidade de navios. Bem mais que os dois permitidos em Búzios, ficam atracados para festejar o pôr do sol, uma verdadeira festa. Key West é uma badalada cidade gay  ( eles foram aliás, os principais responsáveis pelo "renascimento" da ilha e pela restauração de muitas casas históricas a partir dos anos 70), que fica de frente para outra ilha, a de Fidel. 

E Búzios?

Até nublado o Pôr do Sol em Búzios é magnifico - Victor Viana 
Uma movimentação nesse sentido já começa a acontecer na cidade, no Porto da Barra já se pode ver a aglomeração de pessoas no fim da tarde, em especial de sexta a domingo, fotografando o poente e batendo palmas de admiração pelo espetáculo que se forma na Praia de Manguinhos. O Bar do Gordo e o Anexo tem sido os mais procurados, assim como o Bar 77 e o Restaurante Valdivia. O anexo oferece um ambiente de lounge para seus frequentadores e foi pioneiro nesta "celebração" ao por do sol, e há alguns anos, tem a tradição de também tocar o Bolero de Ravel na hora em que o sol se põe.
Mas o pôr do sol também é destaque nos estabelecimentos da Orla Bardot, desde o badalado Bar do Zé (que está no Guia dos guias do Boni e do Amaral), o happy-hour  do Salt e o Satyricon. Na Armação o por do sol também é lindo e pode ser apreciado degustando um delicioso peixe no restaurante A Peixaria.

Quem está em busca de romantismo uma boa pedida é o pô do sol visto do Hotel Vila d'este,  um refúgio com a essência de Búzios, um lugar que preserva a autenticidade e a tradição.
A promoter e fotografa profissional, Sylvana Graça, conta que há cerca de seis anos se apaixonou pelo pôr do sol e desde então vem registrando, em especial o das praias de Búzios. Mas Sylvana também atenta para outra opção de contemplação da beleza do fim de tarde na península: Contemplar o nascer da lua nas praias da Brava, no Silk Beach Club (que já se tornou o point) e também Geribá, onde o Fishbone já é uma tradição no fim de tarde.

Matéria publicada originariamente em O Perú Molhado 

17.4.14

Búzios: Via Sacra


A comunidade católica de Búzios  encena nesta sexta -feira (17) a Paixão e Morte de Cristo


Ás 19h na Praça Santos Dumont, no Centro da Cidade, é  encenada  A Última Ceia, o Sinédrio e as passagens no Palácio de Pilatos.

A apresentação segue  pela Orla Bardot onde são encenadas as quedas de Jesus a caminho da crucificação. Cinco palcos montados e iluminados com apoio da secretaria de Turismo e Cultura servem como  local para  as cenas.
A representação da Via Sacra termina na Igreja de Sant’Anna com a Crucificação, Morte e Ressurreição de Cristo. 

A multidão se concentra para assistir na praça e seguem  em cortejo até o Morro de Sant'Anna no bairro dos Ossos. É um momento de muita beleza. 

Cerca de 200 pessoas, entre atores e figurantes, fazem parte da encenação. O diferencial da encenação da Paixão de Cristo em Búzios é que não há atores profissionais, são todos moradores de Búzios, membros da comunidade católica. 



15.4.14

Lama Michel em Búzios

Mestre budista estará na cidade durante a semana santa 

Michel conduzirá  momentos de meditação e ministrará  palestras 
                    
Lama Michel mais uma vez em Búzios 
Nasceu em São Paulo em 1981. Aos cinco anos conheceu seu mestre, Lama Gangchen Rinpoche, por ocasião da primeira visita de Lama Gangchen ao Brasil, organizada por seus pais.
Nos anos subsequentes, viajou por lugares sagrados no Tibete, Índia, Nepal e Indonésia. Durante este período, Lama Gangchen Rinpoche e outros renomados mestres o reconheceram como um Tulku, a reencarnação de um mestre que viveu no Tibete.
Aos 12 anos, inspirado pelo convívio com Lama Gangchen Rinpoche e diversos Lamas tibetanos, decidiu, por conta própria, seguir a vida monástica. Foi viver na Universidade Monástica de Sera Me, no Sul da Índia. Lá, por 12 anos, recebeu formação nas práticas e filosofia budista segundo a tradição Guelugpa do budismo tibetano.
Desde 2006 reside na Itália, e tem passado três meses do ano dedicando-se aos estudos e práticas no Monastério de Tashi Lhumpo, em Shigatse, no Tibete. LEIA MAIS
Programação 

18 de ABRIL - 6ªfeira; 18:00 às 20:00
Boas-vindas
Sessão de perguntas e respostas
(sugerimos anotarmos previamente as dúvidas) gratuito
19 de ABRIL – sábado; 15:00 às 17:00
A Importância das Práticas Preliminares R$ 40,00
Intervalo
18:30 às 20:30
Puja de Tara Chittamani  R$ 60,00
20 DE ABRIL – domingo; 16:00 às 18:00
Lo Djong (1ª sessão)
Intervalo
18:30 às 20:30
 Lo Djong (2ª sessão)  R$ 60,00

Os encontros com o Lama Michel acontecerão no BUDDHARMA MEDITATION CENTRE
Rua das Pedras, nº 04 - sobreloja - Centro - Armação dos Búzios - RJ – Brasil
tel: 55 22 2623-1080 / 55 22 99215-8497
Sobre a direção espiritual:
Lama Gangchen Tulku Rinpoche / Lama Michel Rinpoche / Lama Caroline Gammon      




O coração de Búzios


Por Victor Viana


aqui já foram celebrados até mesmo batizados 
No canto esquerdo da Praia Brava, em Búzios, há uma formação rochosa a beira mar e lá está o coração de Búzios. A natureza, o criador,  ou qualquer coisa que você deseje acreditar formou ali um pequeno coração que com a subida da maré de enche de água do mar. Fica em um parte da praia  - que é muito frequentada por surfistas e apreciadores do nascer da lua -   que não é indicada para banho,  pela água ser agitada. Mas o encanto de caminhar por entre as pedras e a vegetação  para encontrar um coração  não tem preço.
O coração de Búzios/ fotos Victor Viana 
O coração é cenário para fotos de jovens casais apaixonados, selo de amizades e já serviu algumas vezes até mesmo para batizados de crianças e local para cerimônias onde se depositou ali as cinzas de  quem amava muito aquele local.  
A trilha inspira cuidados ao se levar crianças e idosos  por ter um terreno irregular e o local do coração ser um pouco inclinado e  em maré alta atingido pelas ondas.

Em dias de Sol a água dentro do coração brilha como Búzios. Estando na cidade não deixe de conhecer esse local encantador. 




Praia Brava/ foto de www.buzios10.com.br

14.4.14

Cabo Frio: Super festival de rock agitará a cidade


"Rock Humanitário"  atrairá grande público a cidade da Região dos Lagos

Foto: Mariana Khori- G1 
No próximo dia 19 de Abril  os olhos do mundos roqueiro estarão voltados para Cabo Frio. Cerca de 80 excursões – 50 ônibus e 30 vans – já estão confirmadas para os shows de Dead Fish, Ratos de Porão, Korzus, Plebe Rude, Flicts e outras 12 bandas que se no sábado da Semana Santa.

Segundo a produção do Rock Humanitário, pelo menos, um terço das arrecadação acaba acontecendo graças aos visitantes. As doações dos excursionistas devem somar cerca de seis toneladas.
“O público do rock é carente. É tudo muito pulverizado. O nosso festival une não só a solidariedade mais várias bandas de peso. Por isso, gente de todo país prestigiam o festival”, acredita José Francisco de Moura, o Chicão, idealizador do evento.

Para entrar no festival, basta levar dois quilos de alimento não perecível – exceto açúcar, sal, fubá ou farinha. Todo alimento arrecadado serão doados a famílias carentes da cidade, através da Secretaria Municipal de Assistência Social. A expectativa é de que sejam arrecadadas 15 toneladas de alimentos.
Os shows começam às 15h horas, com a banda Deck 35, de Tamoios, segundo distrito de Cabo Frio, no palco auxiliar, e termina com os veteranos da Plebe Rude, no principal. O show deles está previsto para as 1h45.

Confira quem mais estará por lá

PALCO 1

Deck 35   - 15 h
Iorius - 15 h 45 min
Indic Blue - 16 h 30 min
Lethal Dose - 17 h 30 min
The Sexons - 18 h 30 min
Naíra - 19 h 35 min
Protesto Suburbano - 20 h 40 min
Comando Delta - 21 h 45 min

PALCO 2

Usina Blues -17 h
Left Hand - 18 h
Carro Bomba - 19 h
Hicsos - 20 h 05 min
Flicts - 21 h 10 min
Dead Fish - 22 h 15 min
Ratos de Porão - 23 h 15 min
Korzus - 00 h 20 min
Plebe Rude - 1 h 45 min


Chico Tabibuia: Disputado por Cabo Frio, Casimiro de Abreu e Silva Jardim

Barra de São João 
Chico Tabibuia  se chamava na indenidade Francisco Moraes da Silva e teria nascido em  Casimiro de Abreu (mas a certidão foi lavrada no cartório deste município  quando ele já tinha uns 30 anos), morou no distrito de Barra de São João e no distrito de Tamoios (Cabo Frio). Mas  há controvérsias sobre o local de seu nascimento,  a quem diga que o artista seria natural de Silva Jardim, onde também é homenageado.  É preciso registrar que por muitos anos foi visto como um artista de Barra de São João, mas para o fim da vida recebeu o reconhecimento de Cabo Frio. 


"Só represento o que Deus fez. Se Ele achasse que o "membro" é feio, teria feito o homem "liso". 


Teria nascido em algum mês do anos de  1936 e foi criado em extrema pobreza, ele nunca teve uma festa de aniversário quando criança, mas ao completar 60 anos, o já consagrado escultor pôde oferecer um almoço de 50 convidados. Lenhador de 1954 a meados de 1988, recebeu a primeira parcela do auxílio concedido pela I Bienal de Escultura do Rio de Janeiro - para o qual foi um dos 20 artistas

Chico Tabibuia tem esse nome por ter usado muito essa madeira como material de suas peças 
Era profundamente místico, quando jovem foi cambono de umbanda, sua produção nascia depois que ele sonhava, ao se converter a Assembleia de Deus passou a esculpir os EXÚS  para aprisioná-lo na madeira, "tirando-o de circulação, para não fazer mais mal ao povo". Procedimentos análogos encontram-se na África, onde Exu, patrono da fecundidade, tem representação freqüentemente bissexual e com grande falo, para simbolizar a importância do pênis sagrado, gerador da vida.

 Sua escultura é religiosa, respeitada e elogiada por críticos de arte e apresentada em importantes exposições: coletivas, em Paris e Cali (Colômbia); individuais, no Museu Nacional de Belas Artes, do Rio, em São Paulo, Niterói, Cabo Frio, Barra de São João e agora, Casimiro de Abreu e, em Barra, na nova Biblioteca Carlos Drummond de Andrade, um dos primeiros a elogiar, na imprensa, a obra singular de Chico Tabibuia


Silva Jardim 
 Sua maior escultura, e talvez recorde em nossa arte popular, é a "família de nove exus", com 1,80m de altura e 4m de perímetro na base. Ela está na Casa de Casimiro de Abreu e levou um ano para ser terminada, para a Prefeitura de Casimiro de Abreu.

Uma das mais ousadas esculturas eróticas de Chico Tabibuia - uma mulher que mantém relações sexuais com dois homens - esteve na monumental mostra de arte, a maior já aqui realizada, "Brasil, 500 anos", no Ibirapuera, São Paulo, com  apresentações em outras capitais, inclusive fora do país. 

Se alguém chocar-se com a representação, de corpos completos, com seus órgãos sexuais, vale lembrar o que diz Tabibuia: "Só represento o que Deus fez. Se Ele achasse que o "membro" é feio, teria feito o homem "liso". 


Peças de Chico Tabibuia podem ser vistas gratuitamente no Museu Casa de Casimiro de Abreu em Barra de São João, na Sala Chico Tabebuia em Tamoios ( 2º distrito de Cabo Frio) e no Museu de Silva Jardim.



Sua obra hoje é disputada por várias cidades 


"Tabibuia teve uma iluminação soberba, ao declarar que numa de suas obras (Puri) a natureza é de feminina e feminino".

Carlos Drummond de Andrade

9.4.14

Búzios tem uma Virgem Maria de Cabelos ao vento!




Por Victor Viana 

Búzios lugar de múltiplas facetas. Entre um tanto de coisas que já fazem essa cidadezinha de interior ser tão metida a inventar moda. Temos um pequeno Santuário Mariano. A Capela de Nossa Senhora Desatadora dos Nós.
O que me move a escrever é um desejo antigo de comentar sobre os cabelos soltos e esvoaçantes da Virgem Maria de Búzios. A imagem usual desse titulo – baseado na original da Alemanha- já foge um pouco da tradicional imagem da mãe de Jesus com seu manto e véu cobrindo toda sua cabeça, restando a mostra um pouco do rosto. A imagem original já traz os cabelos soltos. Na representação feita pelo pintor Martinolle em Búzios os cabelos da Virgem estão soltos e balançado ao vento.

 A posição de Maria não é a de uma mulher passiva, está em posição de combate. Seu rosto é feminino porem firme – mantém inclusive um certo bronzeado- desata os nós de uma corda com as mão envoltas em uma energia que aos católicos mais ortodoxos soa meio esotérica demais. Ainda se percebe o volume dos seus seios, o símbolo máximo da sexualidade feminina,  e ao mesmo tempo da maternidade. Em uma sociedade machista e hipócrita sempre se tenta desassociar essas duas facetas da mulher em especial na virgem Maria a querem mãe, mas não se pode falar de sua sexualidade, como se isso a  diminuísse. 

Quando vi esse quadro a primeira vez me impressionou a beleza do mesmo. Mas como jovem católico, ouvia a reclamação sobre os traços diferentes dessa representação da Mãe de Deus. Vim – sem planejar- morar em Búzios, e foram se passando os anos e eu fui me aproximando da “Desatanudos”, como é chamada pelos hermanos argentinos. E sua imagem diferente de cabelos soltos ao vento foi me mostrando um sinal. A posição de liberdade plena de direitos e reconhecimentos ainda a ser conquistada pelas mulheres brasileiras. Búzios, que sempre quer posar de vanguarda, já tem a sua Virgem Maria na Vanguarda. Na verdade a Imagem de Nossa Senhora Desatadora dos Nós em Búzios é mais condizente com a mensagem libertadora do evangelho que as imagens tradicionais de quietismo e submissão com que se retrata a lutadora e corajosa Senhora de Nazaré. Em Lucas Capítulo 1 versículos de 46 a 56 Maria Canta:

“Ele realizará proezas com seu braço: dispersa os soberbos de coração, derruba do trono os poderosos e eleva os humildes; aos famintos enche de bens, e despede os ricos de mãos vazias.”
Uma visão bem diferente da Maria subordinada e sempre calada que temos em nossa imaginação, não é?


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 Inaugurada no dia 8 de setembro de 2001 a capela já recebeu mais de um milhão de peregrinos, tendo tido importante papel econômico na cidade durante a chamada "quebradeira argentina"  ao se tornar um dos principais receptivos turísticos de Búzios. As missas acontecem aos domingos, ao meio-dia e fica na Av. José Bento Ribeiro Dantas, 3.333 - Geribá - Tel.: (22)2623-6530 e está aberta para visitas diariamente, das 9h às 20h. 

( O quadro traz em si diversos sinais teológicos tradicionais a iconografia Mariana, os sinais citados aqui são apenas impressões pessoais do autor do texto)

7.4.14

Em Búzios O AMOR mete medo!

 A Bab 2014 continua dando o que falar

Por Victor Viana

Está exposta no Shopping Number One, na Rua das Pedras, a instalação AMOR do artista carioca Noé Klabin, retratando o mitológico Ícaro, que fica na vitrine 25 do Shopping, e tem impactado os passantes, e estaria levando as crianças ao choro. A imagem de um homem caído, como morto, calçando botas e luvas de operário e ainda de asas chama a atenção e dá uma movimentada nesses dias monótonos de baixa, baixíssima, temporada nessa Búzios velha de guerra.

A Instalação faz parte do projeto de manutenção da "Bab.Bienal.Búzios" ao longo de todo o ano de 2014, e é o idealizador e curador Armando Mattos, que teve que forrar a vitrine com um tecido translúcido até a altura dos olhos adultos que deixa passar a imagem velada para evitar que as crianças voltem a se assustar, que  nos fala, "realmente aqui é um shopping e não um museu ou galeria, teremos de ter esse cuidado", explicou e filosofou um pouco mais sobre a obra de Klabin e sua visão, digamos, transgressora do amor:


"O que vemos é um trabalho de arte que nos fala sobre a banalização da vida e das relações humanas. Assim AMOR atinge seu objetivo quando converte, abruptamente, a atenção do laser consumista em atitude critica. A obra de Noé soa como espetacularização das notícias que brotam da TV e, que nos situam num mundo onde as imagens manipuladas pelos meios de comunicação e capturadas por sistemas de vigilância coletiva interferem nos códigos de conduta e no caráter dos fatos. E é aqui, em Búzios, em meio a promessa ilusória do nosso resgate, nesse habitat que se aproxima em conceito a ilha da fantasia e no qual pensávamos estar afastados das imagens, como aquela do videasta amador, que expôs ao mundo o corpo moribundo da mulher arrastada pelo asfalto, que nos deparamos com a cena proposta por AMOR. Afinal a morte e as tragédias são hoje coisas corriqueiras. Mas estamos em Búzios buscando o anestésico na promessa do paraíso perdido. E, ao encontrarmos esse anjo caído e ensanguentado rodeado pela a palavra amor encontramos-nos na direção contrária. A zona de conforto que procuramos na fuga geográfica se desfaz e somos atingidos em plena Rua das Pedras. Local proposto como território da bem aventurança, do deleite e da dolce vita que julgamos merecer ainda que nos mantenhamos omissos frente ao mundo que desmorona".
Armando ainda lembra que em determinados momentos da história a arte acaba por ter esse papel de trazer as pessoas de volta a realidade, mesmo que dura, e com isso acaba sendo rotulada de brutal e degenerada, e cita como exemplo as obras "Guernica" e "Demoiselles d'Avignon" de Pablo Picasso com suas figuras deformadas e recortadas produzidas em meio as duas grandes guerras pelo artista basco que soaram "estranhas" e muito mais graves a época do que agora.

Para os que ainda não viram e querem conferir a instalação AMOR, continua exposta no Shopping Number One, e não precisam temer o efeito da obra sob crianças porque agora está devidamente "adaptada" ao espaço com o tecido já citado e com um alerta por fora avisando que a imagem pode chocar. Mas em relação aos "efeitos" que serão causados nos adultos serão impossíveis de prever e de se impedir.

Saiba mais em .(www.noeklabin.com) https://armandomattos.wix.com/babbienal



25.3.14

O amor pelas bolas



Por Victor Viana


*Calisto Cascanho é literalmente um “filho da puta". Sua mãe fazia programas por 10 cobres na Rua Los Catiços, em El Salvador. Calisto contou que veio parar no Brasil por acaso, já era um “hominho”, ou quase isso, ri ao contar. Tinha acabado de sair do xadrez (havia sido preso por porte ilegal de armas e “sodomia”), encontrou um amigo que o convenceu que tinha um belo traseiro e que poderia ganhar um bom dinheiro com ele no Rio de Janeiro.

Com o codinome “Jenneffer Favo de Mel” (assim mesmo com o n e o f duplicados), foi à luta e quando já estava acostumado a labuta árdua na rua, conheceu um jogador de futebol de renome que lhe prometeu “mundos e fundos”. Na verdade moveu o mundo para ter os “fundos” de Jenneffer  só pra ele.

Se na TV, revistas e jornais o futeboleiro profissional tinha fama e pose de pegador espada, nos bastidores, apaixonado que estava, começava aos poucos a retirar Jenneffer da “vida” e colocava Calisto bem acomodado em um apê no caríssimo Leblon. Foi nessa época que ele (o futeboleiro; craque da bola) comprou a casa de Búzios.

"Isso foi mais ou menos quando deu o primeiro aceno que poderia a vir se envolver com a política”, contou em tom melancólico Calisto Cascanho, que em seguida revelou que começava ali sua rotina de solidão.
O Monarca dos Campos, amante fogoso de outrora, agora o deixava abandonado na Zona Sul do Rio. Pelas revistas e pelos programas de fofocas Calisto seguia a rotina de noitadas, carrões, amigos e loiras de coxas lisas e quentes e sorrisos artificiais nas fotos ao lado de seu amor. “Está na hora de acabar com essa porra”, decretou em voz alta na sala vazia de uma noite solitária do Leblon. As 7h em ponto, Calisto estava em Búzios.  O craque da bola ainda dormia, assim como o bando de amigos, lambe botas, putas profissionais e putas apenas por esporte, também dormiam. 

O cheiro dos fluidos sexuais misturados a bafo de álcool, os corpos desnudos e narizes com resquícios de farinha, provocaram náuseas em Calisto Cascanho que quando conheceu o futeboleiro, também se chamava Jenneffer Favo de Mel. O Jogador  profissional se levantou e foi em direção a Calisto tentando se explicar e tomou um tapa, ficou dias com cinco dedos marcados na cara. O amor acabou e no lugar ficou o ódio, mas também uma pensão (para que Calisto não abra o bico) tão alta que o ex-affair do futeboleiro não precisa nem pisar no chão.

* O nome real foi substituído a pedido da fonte



18.2.14

Grafite em Búzios - Geribá

Canto esquerdo de Geribá 

Pista de Skate em Geribá 

Cervidão do Canto Direito de Geribá 

Servidão no Canto Direito de Geribá 

Servidão no Canto Direito de Geribá 

Servidão no Canto Direito de Geribá 

17.2.14

Não vou esperar cair dom céu.

 (Algo novo feito a partir dos passos)

CAIS DE MANGUINHOS EM  BÚZIOS/FOTO VICTOR VIANA 
Não vou esperar cair do céu.
Não vou esperar nada. Nem a volta de Cristo, nem a volta dos Beatles, não vou esperar nada.
Não espero que nada caia do céu, não cairá.  Nem um tostão de sol mendigarei de você.
Minhas pernas foram feitas para andar. E andarei pelos sete cantos do mundo, eu andarei.
Não vou esperar cair do céu
Nem chuva, nem dólares ou maná.
Preciso trabalhar, suar.
E não me adequar
a linhagem dos putos
que comandam esse mundo.

Victor Viana  @VianaVictor 

16.2.14

Stencil é foda!

A prática do Stencil Em Buenos Aires e no Rio/Búzios 




Arte em muro de Buenos Aires 
Em uma viagem de trabalho para cobrir a FIT, Feira Internacional de Turismo na Argentina vinha, como é meu costume, observando os muros e tudo que via escrito ou colado neles. Entre frase pichadas contra Kristina e ao mesmo tempo cartazes oficiais  de apoio a ela, por todo o canto vi a prática do Stencil nos muros de Bueno Aires, assim como também do grafite,  Bansky e Pasting.

Arte feita em muro da  Rasa, em Búzios 

Mas possivelmente o Stencil é a  técnica mais popular na capital argentina. Uma técnica simples, basta ter uma cartolina ou uma radiografia velha, uma tesoura ou estilete, tinta em aerosol e pronto. Tem o mesmo objetivo que a técnica de serigrafia – também conhecida como SILK-SCREEN- posiciona a “tela” recortada sobre o muro e picha por cima do recorte, ao retirar sua mensagem estará no muro.  O stencil não é  desconhecido das capitais brasileiras, como o Rio de Janeiro, onde o grafite é muito mais popular, mas diferente daqui e de outros lugares do mundo em Buenos Aires os artistas que praticam o stencil  estão sendo recebidos de braços abertos caso queiram gravar sua arte nas paredes e muros da cidade. 

"No Brasil como em outras cidades do mundo a pratica é combatida como vandalismo". 

Por parte dos grafiteiros e artistas urbanos em geral buscam praticar sua arte em paredes e muros que não causem danos a terceiros. Buscam casas e prédios abandonados, em demolição, muretas públicas. Muitas ações públicas para incentivar jovens talentos da arte urbana, como são conhecidas na Argentina, estão acontecendo pela cidade e artistas convencionais estão se rendendo as intervenções feitas por esses jovens e os convidando em muitos casos a expor de alguma forma seus trabalhos, antes expostos de forma gratuita nas ruas, agora nas galerias e centros culturais de Bueno Aires.








11.2.14

"O essencial é estar vazio" - Morre Eduardo Coutinho



Principal nome do documentário nacional, Eduardo Coutinho foi assassinado a facadas pelo próprio filho aos 80 anos na última segunda-feira (2), no Rio de Janeiro. Daniel Coutinho, filho do cineasta, sofria de esquizofrenia e esfaqueou o pai e mãe após uma discussão e então, segundo a polícia, tentou se matar.
Diretor de clássicos como Cabra Marcado Para Morrer Edifício Master, Coutinho tinha sérios problemas de saúde nos últimos tempos por causa do cigarro, um vício que não conseguia abandonar. Ele, no entanto, pretendia continuar dirigindo mesmo assim. “Estou preparado para filmar com cadeira de rodas. O Michelangelo Antonioni filmou e o Bernardo Bertolucci faz até hoje. Se precisar filmo até cego, com uma pessoa ao meu lado falando o que está acontecendo. Só acho mais complicado filmar surdo”, confessou em entrevista recente ao site  "AdoroCinema" à época do lançamento de As Canções, um dos seus últimos trabalhos.
O enterro do cineasta aconteceu na segunda-feira (3) na Capela do Cemitério São João Batista, em Botafogo, com a presença de amigos e familiares.


Um amigo e colega de trabalho de Búzios


Por Victor Viana

 

 O Jornalista Raul Sivestre, morador de Búzios, trabalhou por oito anos ao lado de Coutinho no Globo Repórter durante a década de 70, "ele entrou no Globo Repórter um ano antes de mim e ficava muito solto, tinha muita liberdade lá. Coutinho era de cinema, mas sabia encostar-se às pessoas certas, então ficou muito próximo do pessoal da TV e pegou rápido o traquejo. Entre tantas coisas que fizemos juntos posso citar o 'Menino de Brodósqui' sobre o Portinari", relatou.

Raul contou que no plano pessoal Coutinho era reservado, “hoje entendemos que poderia ser em função da doença do filho. No Globo Repórter éramos entre 20 a 30 pessoas e todo mundo conhecia os filhos e as mulheres um dos outros. O Coutinho ninguém via a família, e ele morava há cinco quarteirões da redação", contou, mas ponderou que no ambiente de trabalho era diferente: "Ele tinha um ritual que era chegar de manhã (estava nesse horário sempre mal humorado) e ia para sua mesa que ficava no canto da redação e lia o JB e fumava uns 28 cigarros, sendo que destes de verdade fumava apenas cinco, o restante ele deixava queimando no cinzeiro. Mas no restante do dia ele se transformava: era brincalhão e um amigo bem próximo de todos". 

 

Sobre o tão conhecido vicio do cigarro, Raul conta que Coutinho era o único que fumava nas ilhas de edição do Globo repórter, "fumar era explicitamente proibido naquele ambiente, mas ele fumava e quando alguém tentava dizer a ele que prejudicava a saúde respondia: 'vou morrer como todos vocês também irão', lembra.

 

Coutinho era de São Paulo, mas estava, por força dos muitos anos morando no Rio, adaptado a vida carioca. Mas algo do caráter paulista permanecia nele. Segundo colegas de trabalho ele era metódico e muito sério no momento do trabalho, “chegava a ser chato".

 

Algo inerente ao oficio 

Algo do qual se falou em quase todas as entrevistas com amigos e admiradores de Coutinho foi sobre uma suposta qualidade em criar uma espécie de intimidade com o entrevistado o que levou o amigo Raul Silvestre a comentar: "Se está falando muito sobre isso de que ele sabia criar uma intimidade com o entrevistado, mas isso é dito por quem não entende do métier. É inerente ao ato de entrevistar, em especial para TV e cinema, que se crie uma intimidade entre o entrevistador e o entrevistado. Disso depende a qualidade da entrevista. A grande qualidade do Coutinho era a compreensão bem clara que tinha sobre o que chamamos de 'ideologia da imagem'. Cada Plano tem uma ideologia. Em uma entrevista com Ariano Suassuna usa câmera fixa, assim como usaria em uma filmagem oficial da presidente ou mesmo de uma paisagem. Mas em documentários como o Edifício Máster e outros a câmera está em movimento na mão do cinegrafista porque o valor intrínseco da imagem é mais importante que algum padrão holiudiano. Isso passa a credibilidade da matéria. Além é claro do ineditismo de muito de seus trabalhos: foi quem pela primeira vez no Brasil fez um documentário sem texto, só com depoimentos".


Outras duas características marcaram a trajetória de Coutinho; o seu descomprometimento político, mesmo tendo trabalhado na Globo no período do regime militar. E a sua marca de sempre procurar de alguma aparecer nos filmes e reportagens, o que não é comum em jornalismo e filmes documentais. “Intelectualmente era vaidoso", finalizou Raul.

 Um cabra marcado para ficar na história

Entre os admiradores de Coutinho está o ator Mario José Paz, também proprietário do Gran Cine Bardot, "acho que sem dúvida, repetindo o que está sendo dito por todos, e com razão, perdemos um dos maiores documentaristas do Brasil e do mundo. Coutinho tinha uma visão particular do seu trabalho. Em minha opinião a sua maior característica era o dom de deixar o entrevistado a vontade, criava uma intimidade entre ele e o entrevistado. Criava-se mesmo uma harmonia dificilmente vista", afirmou por telefone. Mario José ainda contou um fato que o marcou da última vez que esteve pessoalmente com Coutinho: “Encontramos com ele em um bar no Jardim Botânico, estávamos eu e a Vilma, minha esposa, e perguntamos a ele quando nos veríamos de novo e ele respondeu: 'terá de ser esse ano, porquê acho que é o meu último vivo'. Ficamos espantados com aquela resposta, mas ele realmente era um fumante inveterado e além disso tinha com certeza uma espécie de clarividência, visto a genialidade de sua obra".
O cineasta Milton Alencar, que mora em Cabo Frio, também lamentou a morte de Coutinho e assumiu ser influenciado por seu trabalho, "Ele foi o precursor de uma categoria cinematográfica, no documentário principalmente, diferente dos outros cineastas do Brasil de hoje. Sem dúvida foi o mais importante dos documentaristas do Brasil nas últimas décadas, era fantástico. Ele estava um cineasta muito requisitado nos últimos tempos. Sempre que eu ia aos festivais e o via estava sempre tendo contato com as pessoas, respondendo perguntas e explicando seu trabalho com muita atenção. Ele inaugurou uma escola de documentaristas, ele vai deixar uma herança. Muitas das minhas coisas são feitas a luz do Eduardo Coutinho. Uma pena que tenha terminado sua vida desta maneira".

Coutinho por ele mesmo

Eduardo Coutinho foi o principal homenageado da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo em 2013. Em uma das muitas entrevistas (a reproduzida aqui durante a Flip) que deu falou sobre a arte de fazer perguntas, algo fundamental há um jornalista e documentarista, e também sobre a vida e a morte:

Da arte de fazer perguntas

O essencial é estar vazio diante do outros, vazio do ponto de vista ideológico, Se colocar entre parênteses, estar vazio mesmo, evitar fazer juízo. Vazio para que possa receber do outro o que ele tem a dar e a dizer, sem que ele seja julgado. Para que ele, o entrevistado, seja legitimado e justificado. Ele não deve saber nunca o que espero dele. Não quero você de esquerda ou direita, bom ou mal. Quero você. Entrevistei uma mulher onde perguntei a ela sobre  a pobreza no Brasil e ela fez um discurso extraordinário contra os pobres. Eu tentei argumentar com ela, como não teve jeito deixei ela falar e ela fez um discurso veemente contra os pobres, que eu não concordo, mas expos o que pensava e ofereceu um vasto conteúdo ao filme. Outro foi no sertão, onde invés de eu perguntar a pessoa me perguntou se eu acreditava em Deus e em vida após a morte. Então eu não disse que não, porque se não a conversa acabaria ali. Então eu fui levando e dizendo que não sabia. Fui dizendo que  gostaria de acreditar... e assim deixei que ele passasse a falar. Isso é importante  (Mesmo que não acredite é preciso não dizer para não estancar a conversa).  É uma questão de como se fala mais do que o que se fala.  Quisera eu acreditar em um deus, em outra vida... eu gostaria de acreditar”.

A linguagem ontem e hoje

 "Estou interessado no momento por isso, como as pessoas usam as palavras, lugares comuns e as expressões. "Minha vida é boa", "Minha família é boa", “Quero estudar”. Por quê? Quero perguntar para as pessoas, por que trabalhar? Para que levantar de manhã? Essas são questões que me interessam e isso uma criança de quatro anos faz. Minha vontade era fazer um filme que uma criança de quatro anos faria. E a morte? Ninguém se pergunta... o que é viver? Questões básicas da vida que ninguém pergunta. Pra que serve dinheiro? Trabalhar pra que? Pra ganhar dinheiro? E para que serve o dinheiro? É certo algumas pessoas terem mais e outras menos dinheiro? As perguntas mais básicas sempre são as mais interessantes".

A origem e autoria das conversas

"Nas filmagens a conversa é essencial. A palavra do outro passa a ser sua e a sua do outro. Há uma coprodução da fala".

O que faz um bom filme e a inexistência da verdade

"Não adianta nada ter um tema maravilhoso e ser um filme ruim. Bom é o filme que faz perguntas, o filme que dá respostas pode jogar no lixo que ninguém suporta. Nem o mais sábio da academia, nem o militante mia fervoroso sabe a verdade de nada".

Sobre a vida e a morte

"A vida é assim, você nasce e morre, é isso. O que se faz entre nascer e morrer? Você vive! Eu não acho que a vida foi bem vivida. Não tenho nostalgia nenhuma e acabou! O que é bem vivida? O médico me perguntou isso uma vez e eu pensei que estava com câncer, mas não era. Nunca eu poderia dizer isso: 'Ah tive uma vida bem vivida'. Esse médico era um filho da puta. Eu pelado e ele me perguntou se eu tive uma vida bem vivida? Eu poderia ter dito a ele que perguntasse a mãe dele. Mas eu não disse, nunca disse as coisas na hora".

Matéria publicada originalmente em O Perú Molhado www.operumolhado.com.br