29.4.11

O Maior movimento cultural brasileiro depois do samba! O Funk Carioca ainda sofre preconceitos.



Um baile funk lotado.
Porque  uma expressão artística construída coletivamente de baixo para cima toma conta do país e influencia o mundo. 


Em uma conversa com amigos- entre eles alguns nem tão amigos-   algum saudosista e passadista afirmou que dês da década de 70 não surge um movimento ou movimentação cultural de grande envergadura no Brasil.  De  certa forma - salvo algumas pequenas discordâncias- o consenso geral foi  de que o maior movimento cultural de massa até hoje foi o samba, em especial sua popularização na década de 50 - amplificada pelo radio-  e todas as suas evoluções e ramificações que se estendem até hoje.  As mascaras  dos meus não tão amigos cultos caíram quando afirmei que depois do Samba  o maior movimento ou movimentação cultural do Brasil é o  Funk Carioca.  Nem Bossa Nova ou tropicalismo, nem Rock 80 ou  Mangue Beat. È o batidão suingado nascido e criado nas comunidades pobres do Rio de Janeiro a maior expressão artística  de nosso tempo.  E sem sombra de duvidas uma das maiores do mundo.

A única razão que leva uma pessoa a não aceitar o fato do Funk Carioca ser a maior expressão cultural brasileira depois do samba é simples; não podem aceitar isso vindo de um movimento feito de baixo para cima. Teria de ser algo pensado, orquestrado por notáveis. É necessário que um grupo de cabeçudos se reúna e organize e pense - na maioria das vezes se apoiando em pensadores e movimentos que já são considerados clássicos-  como se deve  fazer e que efeito deve causar a arte. Mas é justamente o contrario disso com o Funk. Tudo é inusitado, é constrangedor, é chocante. Resumindo; é arte!
Agora é cultura 


Movimento abrangente, diversificado e descentralizado. Uma criação coletiva construída a décadas  com poucos recursos  por pessoas criativas - na maioria das vezes- sem acesso a cultura clássica ou até mesmo formação escolar.

Identificado a principio como sendo uma releitura do ritmo californiano “Miami Bass” - na maioria das vezes por críticos-  o funk carioca não demorou nem um segundo a demonstrar toda sua originalidade, hoje copiada pelos astros dos Show Business americano.

Quando  se quer demonstrar “curtura” peseudo intelectuais de bosta tendem a  blablalizar sobre antropofagismo e deglutição de coisas...e citam sempre os mesmo cabeçudos do satatus quo nacional; nem semana de 22, nem novamente os tropicalistas deglutiram mais as coisa, se apropriaram inventivamente mais das coisas ao redor  que o Funk Carioca; lá nos primórdios o funk chegou a pegar melodias de canções folclóricas como no caso do clássico; ’melo do Ricardão” : “ Ricardão, Ricardão não pule a janela que já vem o João...”  a maliciosa versão de “ São João, São acenda a fogueira do meu coração...”  Sobre pegar os sons de fora, na mesma época há grandiosa  “ Rap da feira de Acari” nos contava que lá se encontrava de tudo. Usando a sonoridade própria dos primeiros sons de hip hop americano da época.( depois Jorge Benjor completaria isso dizia que era "um mistério").

Não demorou para que em pouco tempo fosse surgindo os gritos sociais ou ufanistas. No primeiro caso podemos citar o Rap da Felicidade “ Eu só quero é ser feliz, andar tranquilamente na favela onde eu nasci..” que trazia o belíssimo verso” Faço uma oração para uma santa protetora e sou interrompido a tiros de metralhadora.”. no segundo caso, vindo o funk de comunidades abandonadas pelo Estado, é natural que não  nascesse  musicas de exaltação ao pais e sim a própria comunidade; Rap do Borel, Morro do Querosene, Cidade de Deus...

MC Marcinho pioneiro do gênero Funk Melody 
Assim como no samba,  que é um ritimo de origem africana- que logo  incorporou a poesia do amor romântico vinda de Portugal-  isso também se deu no funk e logo surge o Funk Melody: “ Princesa por favor olhe para mim! Princesa por favor olhe para mim; porque eu te amo meu amor...”  a simplicidade dos versos logo foi chamada de pobreza poética por parte das elites e suas tropas...mas conquistou a juventude e hoje no desenrolar do gênero melody do funk se vê as canções de Claudinho e Buchecha na boca de queridinhos da MPB como Kid Abelha e Adriana Calcanhoto, alem de Ela Dança eu Danço de MC Leozinho ter sido cantada por Roberto Carlos, mais melody impossível.

Analisando de forma retroativa é preciso chegar as origens  das musicas mais pesadas do batidão consagrado “ que é som de preto. De favelado, mas quando  toca ninguém fica parado!”.  Lá nos jurássicos anos 90 havia o que se chamava de “Montagens”  que mais uma vez se apropriava criativamente do cancioneiro popular; como no caso da interiorana “Saga do Homem Mau”  que foi destrinchada e refeita em varias  “faixas” :  “ Você gosta de flores... Sim eu gosto...então no seu enterro terá muitas flores!’ “ toma, tototomaa. Sou Jack o matadorrrr, Jack Jack o maatadoor” . uma outra centena de montagens foram feitas nesse período, muitas para embalar as competições de equipes que rolavam nas ruas para ver quem tinha o som mais potente, a galera mais fiel.

Funk como veiculo de apologia ao trafico e  pornografia: 
Nosaaaa!

Não é segredo de ninguém a existência dos “proibidões”;  o rap cheio de sacanagem, onde propostas eróticas são feitas aos  cem mil decibéis usando os termos mais populares para se expor os órgãos genitais e posições sexuais.  O samba passou por isso também,...o cinema teve suas pornô chanchadas e ainda há - campeões de locação- os filmes pornôs. A musica voltada para a sacanagem explicita está no forro e no rock,  ou seja; tanto no top top da musica do povo quanto no top top da musica de classe media. E mesmo essa vertente do funk já tem historia. Lá no inicio dos 90 tocava essa no radio: “ Alo menina eu estou passando mal, vem passar o sabonete na cabeça do meu ****”. A apologia ao trafico encontrada em alguns proibidões não é nem de longe matéria para se generalizar o grann ritmo do Brasil como “coisa de marginal”. È a principal expressão musical, fenômeno de aglutinação dentro das comunidades é de se esperar que o crime organizado o use para seus proclames. Existem leis relacionadas aos som e a decência das letras em áreas publicas. Que a lei se aplique nessas horas. O problema não é o funk e sim o uso que se faz dele, é fácil entender isso basta ter boa vontade e menos preconceito de classes.

Atraso cultural: A falta de visão em relação a produção cultural no Brasil é sempre muito grande. Até mesmo quando se quer fazer projetos que privilegiam a cultura consumida  nas periferias o sistema erra; nas tais aulas de “cultura afro ou popular” - a nomenclatura muda de acordo com o município-   se ensina Hip Hop mas raramente se toca no Funk Carioca. È mente do colonizado que não se permite enxergar suas próprias riquezas. O Hip Hop é show! Mas o Funk é nossa criação! Tem valor comercial como o rap americano e tem valor de cultura popular como capoeira, jongo ou qualquer outra coisa dessas. 


Victor Viana @VianaBuzios  www.curingadebuzios.blogspot.com  - é jornalista, escritor e blogueiro.

Ouse um pouco em sua vida veja os vídeos e os sons que postei com o Funk Carioca, perola cultural do Rio, do Brasil e do Mundo!

NOTA:  Em 2009   por decreto tal assinado pelo governador Sergio Cabral o Funk passa a ser oficialmente patrimônio cultural do Rio de Janeiro. 


Curiosidades:


O Batidão - como o funk é conhecido-  é também chamado de tamborzão. Isso se dá porque - mesmo que as batidas sejam de influencia do Miami Bass- se parecerem com ponto de candomblé. 


No Rio o Funk Carioca é chamado apenas de Funk.


Depoimento de do Artista Multi-Mídia, Clovis Bate Bola

"A minha geração foi marcada pelo Funk, desde os Melôs, passando pelo lado B, lado A até o MELODY. Durante a adolescência, o funk soava em nossas bocas como verdadeiros hinos. Sabiamos todas as rimas e os pontos muito antes da TV se apropriar do funk no programa da Xuxa. Hoje, mesmo com tanta mudança, a pratica continua. Nossas crianças, adolescente e jovens andam com seus celulares tocando Funk dentro de ônibus, em praças, nas salas de aulas ou em qualquer lugar sem se preocupar com a repercussão. O funk é orgulhosamente a primeira musica eletrônica brasileira e uma expressão brasilidade."

 nascida em Londres de família do Sri Lanka  Gravou a música Bucky Done Gun, com a base da música Injeção da Deise Tigrona e subiu ao palco do Tim Festival com a mesma em 2005. O funk passou a ter um espaço a mais na emissora, que até produziu um documentário sobre o ritmo.
Mathangi Maya Arulpragasam, mais conhecida como M.I.A. e seu namorado, o DJ Diplo fizeram uma viagem ao incrível mundo suburbano do Rio de Janeiro e decidiram não só produzir diversos funks cariocas, mas também lançar o CD de M.I.A, intitulado Piracy Funds Terrorism. Engraçado como o brasileiro precisa de uma opinião de fora para dar valor ao que é produto nacional.
fontehttp://vilamulher.terra.com.br

Um comentário:

  1. Por que será que a maioria das pessoas intelectualmente "bem resolvidas" de Búzios estão em silêncio nessa postagem?

    Seria medo ou vergonha de admitir que já "rebolaram até o chão" ao som do "pancadão"?

    Eu já flagrei gente de todo quanto é tipo "levantando a mãosinha pro alto e balançando o poposão" em baladas VIPs, festas sociais privadas. Desde a pseudo-elite cultural até Milicos e suas esposas fogosas.

    Buzianos, "uni-vos".

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